Exposição homenageia Cátia de França na Estação Cabo Branco em João Pessoa
Nas paredes, recortes da vida de Catarina Maria de França Carneiro formam um mosaico de 70 anos de histórias, composições e shows. “Cátia de França Hóspede da Natureza” é o título da exposição em cartaz no corredor do prédio administrativo da Estação Cabo Branco Ciência, Cultura e Artes, no Altiplano, em João Pessoa. A mostra é uma homenagem a cantora e compositora paraibana.
No local está uma parte do acervo da cantora, em especial na área musical com recortes de jornais e cartazes. Natural de João Pessoa, na juventude, Cátia de França aprendeu a tocar piano e, em seguida, violão, sanfona, flauta e percussão, até se tornar professora de música nos anos de 1970. As parcerias musicais e a participação em festivais começaram nessa mesma época com o poeta Diógenes Brayner.
De passagem por João Pessoa até o dia 5 de dezembro, Cátia de França já visitou a exposição. “Estou muito feliz em está aqui. Vocês nem imaginam”, comentou. Desde 2015 a cantora mora em Friburgo, no Rio de Janeiro, onde mantém um espaço de cultura com nome de sua mãe, Adélia França, a primeira professora negra a ministrar aulas de piano.
“Aonde eu sou chama seja você brasa, aonde eu sou chuva seja você água” é uma das frases que compõe a exposição ao lado de uma fotografia da artista. O texto de abertura da mostra é do cantor e compositor paraibano Adeildo Vieira. “Fui à abertura dessa exposição e vivi emoções fortes. Primeiro, por ter encontrado a homenageada para trocar um abraço terno e fraterno com ela. Segundo, por ver o texto de apresentação que fiz estampado na entrada desse túnel do tempo feito de imagens que revelam a trajetória de dignidade dessa artista”, disse Adeildo Vieira.
No texto, o paraibano descreve algumas características da artista. “Cátia é uma das artistas nordestinas que melhor sabem nordestinar-se de braços dados com outras expressões musicais ditas universais, como o rock e o blues, sem, entretanto, estabelecer hierarquia nessa sua relação com outras estéticas”, diz em um dos trechos.
Durante sua estadia no Rio de Janeiro na década de 1970, Cátia de França tocou com Zé Ramalho, Amelhinha, Sivuca e Shagai. O primeiro disco da cantora, intitulado “20 Palavras Ao Redor Sol” foi lançado em 1979 e nele recita poemas de João Cabral de Melo Neto. O álbum seguinte foi “Estilhaços”, composto por músicas de Abel Silva e citações de Guimarães Rosa. Em 1986, gravou “Feliz demais”, uma produção independente.
O quarto disco da compositora ganhou o título de “Avatar” e contou com as participações de Shangai e Chico César. No repertório há três canções em parceira com o poeta Manoel de Barros, como ‘Rogaciano’, ‘Apuleio’ e ‘Antoninha me leva’, além de músicas inspiradas na literatura de José Lins do Rego e novas versões para sucessos da sua carreira de cantora como ‘Coito das araras’, ‘Ponta do Seixas’ e ‘Kukukaya’.
Em 2016, Cátia de França lançou “Hóspede da Natureza”, título da exposição. O álbum é inspirado na obra “A vida nos bosques”, escrito em 1847 pelo autor estadunidense Henry Thoreau.
Além de cantora e compositora, Cátia de França também é escritora. A paraibana já escreveu cordéis como ‘A Peleja de Lampião Contra a Fibra Ótica’ e ‘Saga de Zumbi’, publicado em 8 volumes, e livros para o público infanto-juvenil, como ‘Falando da natureza naturalmente’.
A exposição aberta em João Pessoa é uma prévia para uma segunda e maior programada pela artista para 2018. “Hóspede da Natureza” fica aberta para visitação até janeiro do próximo ano.
Serviço
Exposição Hóspede da Natureza
Período: até janeiro de 2018
Horário de visitação: terça a sexta-feira das 9h às 18h e sábado, domingo e feriado das 10h às 19h.
Local: Corredor do prédio administrativo da Estação Cabo Branco Ciência, Cultura e Artes, no Altiplano – João Pessoa (PB)
Entrada: Gratuita
Com informações: Secom-JP / Adeildo Vieira