Primeira edição de Bienal de Arte Digital explora linguagens híbridas
Em um mundo em constante transformação, modificações aceleradas e desconstruções, a primeira edição da Bienal de Arte Digital, promovida pelo Festival de Arte Digital (FAD), estreia com a temática apropriada: “linguagens híbridas”. Rio de Janeiro e Belo Horizonte são as duas capitais brasileiras que irão sediar o evento durante três meses.
Exposições, performances e simpósios, com a participação de cerca de 20 artistas de diferentes países estão na programação que tem início no dia 5 de fevereiro e se estende até 18 de março na cidade carioca e de 26 de março a 29 de abril na capital mineira.
As obras dos artistas do Brasil, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, Itália, México e Reino Unido refletem e debatem a experimentação de novas linguagens artísticas com o uso de novas ferramentas e tecnologias.
Destaque conceitual da Bienal, o cientista e artista brasileiro radicado na Holanda, Ivan Henriques, apresenta o projeto “Caravel”. Desenvolvido em colaboração com cientistas da Faculdade de Bioengenharia da Universidade de Gante, na Bélgica, o trabalho é uma tecnologia de célula de combustível microbiana (MFC) para colher eletricidade de bactérias anaeróbicas e componentes orgânicos na água.
Da Universidade do Chile, o artista visual Daniel Cruz transporta para sua obra uma mensagem de preservação das geleiras. Iluminadas, 49 garrafas de água carregam um texto-poética, na instalação intitulada ‘Bloques Erráticos’. “Esta reunião propõe um exercício de abismo da ação luminosa e eletrônica, apelando para as dimensões da informação que ocorrem em nosso contexto contemporâneo”, contou Daniel Cruz.
‘Protoplasmic Routes’ é o título da instalação audiovisual do artista mexicano radicado em Ohio, Axel Cuevas Santamaria. Em uma experimentação de bioarte, o autor revela uma metáfora e uma realidade temporal baseada em ficção e pesquisa científica, onde uma história sobre o futuro é narrada.
Um ambiente imersivo dedicado à exposição de artefatos etnológicos modelados em 3D é a proposta de ‘Jequitrap’, da artista brasileira Aline Xavier. A mostra é formada por uma coleção de armas e armadilhas de caça e pesca de diferentes etnias indígenas. Com o uso criativo de tecnologias, o objetivo é alcançar a apropriação, disseminação e preservação do patrimônio cultural em vídeo, áudio e escultura.
“A Bienal de Arte Digital surge para pautar a cada dois anos temas importantes e mais amadurecidos relacionados à sociedade. O FAD, que atua desde 2007 entre os eixos da arte, comunicação e tecnologia, percebe que vivemos um momento em que a arte digital deixa de se conceituar como uma arte de nicho”, avaliou o curador e idealizador da Bienal e fundador do FAD, Tadeus Mucelli.
A palestra de abertura da Bienal será realizada pela artista multimídia, professora e pesquisadora Diana Domingues, pioneira no Brasil na relação de arte com ciência. O americano Joe Davis, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e do Departamento de Genética de Harvard é um dos convidados para o simpósio internacional que acontece dentro do evento. O professor mostrará sua visão sobre o híbrido (artista e cientista), no dia 6 de fevereiro. Davis é pioneiro de trabalhos de arte e biologia molecular e arte espacial inclusive em parceria com a NASA. A Bienal ainda terá oficinas.
Na Bienal, como na vida contemporânea, o digital e o analógico, o natural e o artificial, o real e o virtual, se atravessam. “A arte digital vai em direção à contemporaneidade como um todo. Ou seja, além de ser a arte desta sociedade hipermoderna, é o lugar das experiências sociais”, afirmou o curador.
No Rio de Janeiro, o evento acontece na Oi Futuro Flamengo e, em Belo Horizonte, no Museu de Arte da Pampulha (MAP), Casa do Baile, Casa Fiat de Cultura e no Espaço Atmosphera. A programação completa está disponível no site do evento. A Bienal de Arte Digital é realizada pela Oi Futuro e promovida pelo Festival de Arte Digital (FAD), como apoio da Lei Rouanet.
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Com informações: Agência Febre / Facultad de Artes