Guto Holanda: a arte de expressar histórias e vivências na pintura
Na casa no bairro da Mooca, ocupada de meninos, as brincadeiras não podem faltar para divertir e passar o tempo. Augusto César de Holanda Santos, um dos mais novos daquela turma de irmãos lança no papel desenhos e cores que rompem o cinza daquela São Paulo de concreto e frio. Com a obra pronta, recorta e compartilha com os outros o jogo de imaginar. Assim o garoto dava os primeiros passos na carreira de artista plástico que só estrearia lá pelos vinte e poucos anos.
“Sempre tive facilidade em me expressar através do desenho e da pintura. O desenho fazia parte das brincadeiras, sendo assim um processo natural. Então, ser artista plástico não foi uma escolha e sim um processo”, conta Guto Holanda, o paulista radicado em João Pessoa desde 2011 quando decidiu deixar a “Selva de Pedra” e encarar a “Porta do Sol”.
Ainda na cidade natal Guto Holanda participou da sua primeira exposição, na Universidade São Judas Tadeu, durante uma feira de turismo, em 2009. “Na época apresentei trabalhos ainda ligados a retratos e paisagens”. As cores, o clima e os ares de João Pessoa, somados a bagagem da cultura paulistana transformaram o trabalho do artista ao chegar em terras paraibanas. Com a mostra “A Expressão da Cor”, no Hall de Exposições Energisa, em 2015, inaugurou uma nova fase.
“Na minha pintura inicial eu buscava me afirmar com técnicas, produzindo retratos e paisagens. Com a prática, fui buscando me afirmar como retratista, mas com o passar dos anos passei a não me identificar com as reproduções e decidi produzir mais, a partir das minhas referências ligadas à arte urbana, universo que frequentei durante a minha adolescência, nos anos 1990. Esse resgate me possibilitou o rompimento com uma estética ligada ao realismo, trazendo elementos pessoais para o meu trabalho”, explica Guto Holanda.
Das exposições que mais significativas na trajetória do artista plástico, o projeto ‘Nunca Serei Cinza’, ocupa um lugar privilegiado. A mostra ficou em cartaz em João Pessoa e também em Maceió. Na capital alagoana, a presença do público tanto na abertura e durante todo o período de exibição impressionaram o já pessoense.
Para Guto Holanda, mente é banco de dados de pinturas e desenhos no aguardo de uma hora livre para criar. Longe de ser um amontoado de cores e traços desconexos, as obras do artista carregam motivos, mensagens e marcas. “A construção da identidade no meu trabalho surgiu da necessidade de imprimir elementos pelos quais me identificasse, me questionasse, e supostamente traria momentos pessoais”.
Em telas ou em qualquer outro suporte a arte é território de reconhecimento e memórias. “Cada pintura é impregnada de histórias e vivências, sendo assim os elementos pessoais e marcantes acabam sendo transferidos para as pinturas. Um momento marcante que procuro passar para os trabalhos é o do meu atropelamento, ainda quando criança. Talvez pela intensidade de sensações e enigmas a serem explorados”, reflete.
Formado em Pedagogia, Guto Holanda une a experiência da sala de aula com o ofício de artista autodidata. “Procuro relacionar esses dois seguimentos justamente por ambos estarem ligados à educação e formação crítica e estética, e por estarem intrínsecas à formação humana. Arte e educação caminham juntos. O que seria da educação sem a possibilidade do aluno se expressar? O surgimento da curiosidade proporcionado pelas artes seria um bom caminho para aprendizados diversos”, afirma.
Obras de Guto Holanda
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Por Marcella Machado, da redação do Conexão Boas Notícias
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