Exposição na Espanha reverencia Fernando Pessoa e modernistas portugueses
A exposição leva o nome de um poeta, mas nas salas do Museu Rainha Sofia, em Madrid, a vanguarda do Modernismo em Portugal ocupa as paredes e as mesas envidraçadas. “Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura” é o título da mostra inspirada em uma citação de Álvaro de Campos, um dos “eus” de Fernando Pessoa. A frase que tem como complemento “porque toda a arte é dizer qualquer coisa” foi publicada pela primeira vez na revista Presença, em 1936.
Aberta no início de fevereiro e com data de encerramento em 7 de maio, a exposição apresenta cerca de 160 obras, entre desenhos, gravuras, ilustrações, textos e edições das revistas literárias A Águia, Orpheu, K4, O Quadrado Azul, Portugal Futurista e Presença, onde as produções de Fernando Pessoa e de outros vanguardistas portugueses da primeira metade do século XX eram veiculadas.
A primeira parte da mostra é dedicada ao poeta e seus mais de 70 heterônimos como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Em um segundo momento os visitantes encontram registros da presença de Portugal na Primeira Guerra Mundial, episódio que foi tema de diversas caricaturas da época.
O teatro também ganha espaço com uma sessão que reverencia as obras de José de Almada Negreiros. O artista português multifacetado atuou como desenhista, pintor, escritor, poeta, ensaísta, caricaturista, ilustrador, publicista, bailarino, cenógrafo e figurinista. Para ele, a arte da modernidade deveria ocupar edifícios públicos, ruas, teatro, cinema, a dança, o grafismo dos jornais e os desenhos que os ilustram.
O Paulismo, Interseccionismo e o Sensacionismo, as três estéticas desenvolvidas por Fernando Pessoa no início daquele século também têm salas exclusivas no museu. Além do poeta e de José de Almada Negreiros, há obras de Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Affonso, Júlio Pomar, Sonia e Robert Delaunay, entre outros nomes do Modernismo português do começo do século XX até 1935. A curadoria da exposição é de João Fernandes e Ana Ara.
“Essa exposição apresenta uma história muito particular das vanguardas artísticas do início do século XX. As vanguardas portuguesas são muito marcadas pelo pensamento de Fernando Pessoa. Ele não se ocupou muito das artes visuais, porque para ele toda arte era uma forma de literatura e a literatura era a artes de todas as artes. Mas Pessoa resistiu as vanguardas artísticas de seu tempo, aquelas que ele conhecia, que vinha de Paris como o Cubismo, o Futurismo em contraposição a suas próprias vanguardas e criou seus próprios conceitos”, explicou João Fernandes.
Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura
Com informações: Museo Reina Sofia / Gulbenkian / MMASC / Madridiario