Revista ‘Time’ escolhe médica brasileira como uma das pessoas mais influentes de 2017
Naquele dezembro de 2015, Celina Turchi não passou o Natal com a família. Chegou a ficar dias sem dormir e mal tinha tempo para comer. Nas mãos, a missão de decifrar o mais recente desafio da ciência mundial: investigar a relação da microcefalia com o vírus Zika. O pioneirismo dos estudos a fez figurar como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo de 2017, eleita pela revista norte-americana Time.
A epidemiologista goiana, de 64 anos, atua como pesquisadora convidada no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, da Fiocruz, em Pernambuco. Para o trabalho, a cientista reuniu pesquisadores do mundo todo, entre epidemiologistas, especialistas em doenças infecciosas, pediatras, neurologistas e biólogos especializados em reprodução.
No perfil escrito na revista pelo cientista Tom Frieden a respeito de Celina, ele a definiu com “apaixonada e focada”. Para Turchi é um “modelo do tipo de liderança e colaboração global necessárias para proteger a saúde humana”.
Os processos para as investigações sobre a relação da zica com a microcefalia foram iniciados no final de 2015, com o recebimento de recursos financeiros para pesquisa. O estudo começou em janeiro de 2016. Dados parciais, em abril, já indicavam fortes evidências da associação. Os primeiros resultados foram publicados na revista Lancet Infectious Diseases.
No texto, Frieden destacou o trabalho desenvolvido pela brasileira e seu grupo de pesquisadores. “Os estudos de Turchi foram parte de uma investigação de emergência que, em última instância, provaram que o vírus da zika de fato causa microcefalia – algo de que muitos céticos duvidavam”.
A revista britânica Nature já havia escolhido Celina Turchi como uma das dez cientistas mais importantes de 2016. Na época, a médica especialista em doenças infecciosas comentou esse reconhecimento. “Pesquisa é esforço coletivo e esse resultado é uma confluência feliz de pessoas competentes que estavam antenadas nas metodologias e nas questões principais. Foi um esforço multi-institucional, multidisciplinar e sem fronteiras”, afirmou.
Celina Maria Turchi Martelli é professora aposentada da Universidade Federal de Goiás (UFG). Cursou Medicina na UFG, fez mestrado na London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), na Inglaterra e doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Foi a única brasileira destacada por seu trabalho à frente de uma rede de pesquisadores que se debruçaram sobre a epidemia do vírus Zika e sua associação à microcefalia.
A médica ressaltou a importância do trabalho dos governos, instituições e dos profissionais da saúde no monitoramento e acompanhamento dos casos de microcefalia no Brasil. “Sinto orgulho em fazer parte dessa história que vem sendo escrita por brasileiros. Tenho orgulho da ciência brasileira”, concluiu.
Com informações: Isto É / G1 / Uol / Ascom UFG / Goiás Agora