Aldeia indígena encontra na estamparia forma de resgatar sua cultura
Aldeia Ofayé Anodi, no Mato Grosso do Sul. A estamparia artesanal produzida pelas artesãs resulta em belíssimos tecidos com desenhos de animais da fauna local, folhas e grafismos.
As mulheres também bordam à mão alguns detalhes no pano, como os nomes dos animais na língua ofayé. Na aldeia, yetá é o nome atribuído ao tucano.
Peças
Toalhas de mesa, jogos americanos e sacolas. Lindas e encantam por sua singeleza, originalidade e técnica apurada.
Na história desse pequeno grupo indígena é perceptível que o conjunto ganha força pelo que representa: o resgate de tradições ancestrais ameaçadas ou perdidas, como a própria língua ofayé, dominada por apenas seis indivíduos da aldeia, onde há em torno de 100 pessoas.
Suas tradições foram perdidas ao longo dos anos em que foram seguidamente deslocados de seu território original. Daí a ideia de bordar o nome de cada animal, parte do processo de resgate cultural e repasse aos mais jovens.
Projeto
É uma iniciativa da Fibria, que tem uma de suas unidades na região. A aldeia Anodi fica em Brasilândia, próximo à cidade de Três Lagoas, a 340 quilômetros da capital, Campo Grande.
O designer Renato Imbroisi foi convidado em 2015 para trabalhar no artesanato e atua em parceria com a gestora cultural Silvia Sasaoka. Até então, os artesãos faziam apenas cestos e arco e flecha para uso próprio. Nesse primeiro ano, tiveram aulas de estamparia, costura, aprimoramento do bordado (algumas mulheres já haviam aprendido) e tingimento vegetal, que significou um mergulho de reconhecimento da flora local, com a qual não estavam familiarizados.
Por enquanto, ainda não utilizam pigmentos vegetais na estamparia, o que poderá ocorrer nas próximas etapas. Estão previstas também oficinas de artesanato em bambu para os homens.
Quem quiser conhecer o trabalho dos índios Ofayé e obter lindas peças de artesanato, pode fazer uma visita à Casa do Artesão, em Três Lagoas.
Com informações: Casa e Jardim