Jovem com Down é a 1ª professora de Educação Física a se formar na PUCRS, em Porto Alegre
Aline Colares, 29 anos, concluiu uma jornada que durou oito anos e meio. A jovem não só apenas terminou a faculdade, mas está fazendo história: a primeira aluna com Down a concluir o curso de Educação Física na PUCRS, em Porto Alegre.
Entrar para a faculdade foi uma iniciativa dela mesma, logo após finalizar o Ensino Médio. Os pais, em um primeiro momento, não tinham pressa. Eles Acreditavam que ela poderia dedicar-se, por algum tempo, à preparação para o vestibular. Mas Aline insistiu.
“Levamos a Aline para fazer a prova sem grandes expectativas. Sabíamos que é normal não passar. Mas ela entrou de primeira. Vários colegas da antiga escola não conseguiram”, conta Iara.
A escolha
Quando Aline entrou em uma piscina pela primeira vez ela tinha poucos meses de vida. Desde então, nunca mais parou de praticar esportes. A natação é uma paixão antiga da jovem, isto fez com que ela fizesse a escolha pelo curso de Educação Física.
“Adoro a água, me sinto muito bem. Já fiz várias travessias em mar aberto. Gosto de qualquer esporte, aliás. Futebol, exercícios na academia… Faz parte da minha vida”, diz a formanda.
Desafios
O primeiro desafio de Aline foi vencer a timidez. Aline ultrapassou esta dificuldade, pois tinha que interagir com os colegas e professores da universidade, logo que entrou no curso, em 2009.
Alguns anos depois, deparou com um outro obstáculo: “O maior deles foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Fiz sobre atividade física na terceira idade, a partir do aspecto motivacional. Foi difícil, mas consegui finalizar. Foi gratificante trabalhar com esse público”, diz.
Aline trabalha há dois anos como auxiliar do professor de Educação Física do Colégio Rainha do Brasil, onde estudou desde o Ensino Fundamental. “Lá, eu trabalho com crianças pequenas, de quatro a seis anos. Eu adoro!”, comenta.
Planos
“Quero tirar a carteira de motorista e aprender a falar inglês. Na minha área, é comum lidar com estrangeiros, em função do esporte”, diz.
“Tudo isso é para 2019, tá? Em 2018, vou descansar”, acrescentou Aline.
Apoios
A mãe Iara, 62 anos, costureira. O pai Antônio, 63, é eletrotécnico aposentado, moradores do bairro Partenon, em Porto Alegre (RS).
A estudante faz questão de dizer que Antônio e Iara são seus maiores apoiadores em qualquer coisa que decida fazer.
“Ela é muito determinada. Em momentos mais complicados, chegamos a dizer que ela poderia dar um tempo ou até desistir. Mas nossa filha nunca cogitou isso”, disse a mãe.
“A gente sabe que existem barreiras. É indescritível ver a Aline agora. Nosso sentimento é de orgulho, de dever cumprido”, declara o pai.
A lista de pessoas que auxiliaram no caminho até a formatura é grande. Desafiada a destacar alguém, Aline cita a professora Vera Brauner: “Ela me ajudou de diversas formas. A cada semestre, me orientava sobre as cadeiras que devia escolher, e também me incentivou a fazer trabalho voluntário”.
A professora retribui: “A Aline foi um desafio para todos os professores do curso, mas nunca recebeu privilégios, apenas o nosso apoio. O mérito de estar aqui é todo dela. É dedicada, disciplinada, cuidadosa, educada. Um exemplo para qualquer aluno”, completa.
Com informações: Gauchazh.