Isabela Figueira: de vendedora de sacolé na praia a modelo
Semana de moda brasileira. Nas passarelas do São Paulo Fashion Week, uma estreia surpreendente: a new face carioca Isabela Figueira, de 18 anos.
Isabela entrou no mundo da moda recentemente. Tem apenas quatro meses que ela desfila. Faz seis meses que está em São Paulo.
A modelo é natural de Irajá, Zona Norte fluminense, viveu os últimos dez anos em Tamoios, distrito de Cabo Frio. Lugar com nem 50 mil habitantes, à beira mar. Vivia na cidadezinha com a mãe, o pai e a irmã mais velha, de 25 anos. “A primeira da família a se formar na universidade. Está cursando Administração de Empresas”, conta orgulhosa.
Vida difícil
O pai, é motorista de Uber. A mãe, mantém dois empregos. É técnica de enfermagem e guia turística. Isabela começou a trabalhar aos 16 anos. O primeiro emprego foi como professora de inglês, em uma escola particular de educação infantil. O trabalho, pelo qual ela tinha tanto gosto, durou pouco menos de um ano. Segundo ela, a direção da escola não gostava de como vivia sua sexualidade. “Sou bissexual, isso saiu à tona e acabei demitida. Puramente por preconceito e sem disfarces”, recorda.
Depois do trabalho como professora, pagou as contas como cozinheira em uma loja de pão de queijo e chegou a vender sacolé na praia ao lado do melhor amigo. Antes de vir para São Paulo tentar a sorte como modelo, foi recepcionista em um hotel em Búzios. A ideia era juntar dinheiro para se mudar para a capital paulista.
Diferente do que imaginava, a vida em São Paulo não foi das mais tranquilas de levar. Além das dificuldades em pagar a cara rotina da metrópole. Ela diz: “Faltou comida, luz e banho quente”.
Isabela ouviu incontáveis nãos até conseguir uma agência que cuidasse de sua carreira, que calhou a ser a @guaranamodels, conhecida por um casting mais diverso, com modelos negros, asiáticos e árabes.
Junto daqueles nãos, houve ainda o racismo, sempre presente nas entrevistas de trabalho. “Você é linda, mas da próxima vez podia vir com o cabelo liso”, “Adorei seu book, mas que tal afinar o nariz com maquiagem?!”, “Sugiro que tire o volume do seu cabelo, assim pode conseguir mais trabalhos”: esses foram alguns dos “conselhos” ouvidos por ela.
O agenciamento da Guaraná Models aconteceu através da Internet. O dono da agência encontrou o perfil de Isabela e chamou para uma conversa pessoalmente.
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“Ele foi o primeiro a dizer que eu era maravilhosa do meu jeito, sem retoques, sem alisar o cabelo ou fazer qualquer coisa que negasse minha negritude. Nunca pediu que eu me apagasse, pelo contrário”, diz ela
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O primeiro trabalho que a modelo fez pela Guaraná foi para a Marie Claire. Ela estampa, ao lado de outras garotas, o editorial de joias contemporâneas “Toque de pele”, da edição de Outubro de 2018.
No SPFW (de 21 a 26/10/2018), Isabela desfila para as marcas Alluf, Top 5 e Handred. Sobre a experiência na semana de moda brasileira, ela é só sorrisos. “Não me lembro da última vez em que estive tão feliz.” Já quando fala de futuro, não poupa sonhos. “Minha intenção é sair do país. Falando em desfile, a marca dos meus sonhos é a italiana Dolce Gabbana.”
Com informações: Marie Claire