Jairo Cézar publica livro em quadrinhos sobre o poeta Zé da Luz

Os heróis das histórias em quadrinhos ganhavam a cor que o garoto criado no interior escolhia. O pai artista plástico os retirava das publicações em forma de desenho. Um convite à imaginação do menino. A expedição no universo das palavras e dos versos teve sua rota definida por uma “Viagem ao Centro da Terra”, do autor francês Júlio Verne. “Depois desse livro, nunca mais parei de ler”, contou o poeta Jairo Cézar.

Foto: Arquivo Pessoal

O escritor paraibano nasceu em João Pessoa, mas desde os primeiros dias de vida mora na cidade de Sapé. Poeta que busca ter um estilo próprio, também carrega a influência de nomes como Augusto dos Anjos, Sérgio de Castro Pinto, Águia Mendes, João Cabral e outros mestres da literatura.

Obras com linguagem infanto-juvenil, releituras, escritos mais maduros, de poeta a roteirista, Jairo Cézar é autor dos livros Escrito no ônibus, Rapunzel e Outros Poemas da Infância, Augusto dos Anjos em Quadrinhos, O Peso das Gotas e agora de Zé da Luz em Quadrinhos, lançado este mês. O Conexão Boas Notícias conversou com o escritor sobre a publicação, poetas paraibanos e as HQs literárias.

O seu mais novo livro é sobre o itabaianense Zé da Luz. Como é sua relação com a obra do poeta?

Sempre gostei nos poemas de Zé da Luz. Sobretudo, os que estão em Brasi Caboclo.  Ele é um poeta genial. Os gênios sempre me fascinam.

Foto: Divulgação

Qual o desafio de escrever uma biografia em quadrinhos?

A parte mais difícil é o período de pesquisa. É preciso ter critério e cuidado com as fontes pesquisadas. Roteiro em si, já faz mais parte do meu cotidiano. Me preocupo muito com as informações que passa acerca do biografado. Esse tipo de trabalho não dá mais para erro.

Como são pensados os textos que escreve para o público infantil?

Tudo à base de muita pesquisa. Primeiro monto o projeto. Defino o tema sobre o qual quero escrever. Só depois vou para a construção do texto literário.

Nesse livro sobre o poeta Zé da Luz contou com as ilustrações de Américo Filho. De que forma é feita essa união de texto e imagem?

As histórias em quadrinhos são sempre escritas a quatro mãos. São duas linguagens distintas, que preciso estar em perfeita harmonia. Tenho uma sintonia muito bacana com Américo. Esse entrosamento é fundamental para que o projeto tenha êxito.

Foto: Valéria Pastorino

Entre os seus livros está um sobre Augusto dos Anjos para crianças. Por que levar o poeta para esse público?

Augusto é rodeado de estereótipos negativos. Nunca gostei muito desse tipo de abordagem. Augusto foi uma figura incrível. Um exemplo de como o amor pelos livros pode ser benéfico. As crianças precisam ter uma relação identitária com as pessoas que ajudam a construir nosso Estado. Precisamos fortalecer nossas raízes culturais. Augusto é um tesouro que precisa ser compartilhado.

Os quadrinhos envolvem mais os leitores do que os livros tradicionais, principalmente aqueles que tratam de autores paraibanos?

Com certeza. Acredito que eles são uma porta para formação de novos leitores. Eu sou um exemplo disso. Comecei com os quadrinhos. Mas espero que um dia a balança se equilibre. Eu luto por uma sociedade leitora. É um sonho do qual jamais vou desistir.

Foto: Contação de Rua

Como aproximar os jovens e os leitores em geral da produção literária dos escritores e poetas da Paraíba?

Acredito que a escola tem um papel fundamental nesse processo. É preciso aproximar a figura do escritor das unidades de ensino. É preciso fazer com que a literatura dialogue com as outras Artes. Também é preciso fazer com que as pessoas criem o hábito de comprar livros, de ir às livrarias e de participar de eventos literários. Não é uma fórmula simples. É preciso um conjunto de ações integradas.

O poeta Zé da Luz

Severino de Andrade Silva, mais conhecido como Zé da Luz, nasceu na cidade paraibana de Itabaiana em 1904. É um dos maiores nomes da poesia popular nordestina. Recordista de vendas em livrarias de norte a sul do país, publicou apenas um livro, chamado “Brasi Caboclo”, em 1936. O morreu no Rio de Janeiro em 1965.

Dados Técnicos de Zé da Luz em Quadrinhos

Roteiro: Jairo Cézar

Ilustrações: Américo Filho

Coleção: Primeira Leitura

Número: 16º volume

Editora: Patmos Editora


Por Marcella Machado, da redação do Conexão Boas Notícias

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