Boas notícias devem ganhar visibilidade, diz monja brasileira
Monja Coen Roshi, uma das principais líderes espirituais budistas do Brasil, comenta: “Tem milhões de coisas acontecendo. Tem coisas maravilhosas acontecendo. Tem pessoas salvando umas às outras, tem pessoas que são amigos uns dos outros, pessoas que estão salvando em áreas de risco e de perigo. Não se torna visível”.
No campo de refugiados sírios no Líbano, artistas colorem o muro das escolas. Enquanto isso, na TV apenas o sofrimento das crianças é exibido. Na África, uma efervescente cultura é mobilizada por eventos literários, musicais, cinematográficos, e outros.
Entretanto, as emissoras somente reproduzem as imagens da fome e da pobreza. O porquê de apenas as notícias negativas ganharem o mundo é o questionamento da Monja Coen Roshi.
A monja zen budista brasileira e missionária oficial da tradição Soto Shu no Brasil vê com desconfiança o exagero de notícias ruins transmitidas pela mídia. Haveria o interesse de distrair as pessoas de algo. “Do que que eu não devo prestar atenção? ‘Eu vou fazer o circo pegar fogo’. Aí, a sua atenção vai para outro lugar. Por que? Interessa a quem?”, pergunta em um vídeo postado no canal Mova.
Por alguma razão, as boas notícias são silenciadas. “Tem milhões de coisas acontecendo. Tem coisas maravilhosas acontecendo. Tem pessoas salvando umas às outras, tem pessoas que são amigos uns dos outros, pessoas que estão salvando em áreas de risco e de perigo. Não se torna visível”, comentou.
Jornais, portais, rádio e televisão apresentam um cardápio de tragédias das primeiras horas do dia até o final da noite. No garimpo do conteúdo nacional e internacional, o ouro é jogado de volta ao rio. A areia e outras impurezas que resta na peneira são trazidas à superfície. Para a monja brasileira, a melhor forma de ler as notícias é saber que as escolhe.
As doses diárias de negatividade estariam contribuindo para que a sociedade se torne cada vez mais depressiva e sem esperança, segundo a Monja Coen. Para ela, a imagem que a mídia exibe é uma só: “Parece que não tem jeito, a humanidade não tem jeito, o mundo está acabando”, observou.
A Monja Coen faz questionamentos, mas também aponta caminhos. Os seus ensinamentos ultrapassam as fronteiras da crença no Budismo e podem ser aplicados na vida de todas as pessoas. “Cada um de nós muda, muda tudo a sua volta. Cada átomo muda. A bomba atômica é isso: um átomo que muda, tudo muda. E cada um de nós pode ser esse átomo de transformação que queremos no mundo”, aconselhou.
Uma prova de que as boas novas e as mensagens positivas atraem as pessoas é o sucesso dos seus mais 200 vídeos postados no canal Mova, no YouTube. “Tento basear os ensinamentos de Buda no que acontece no mundo, no dia a dia conturbado”, disse a monja brasileira. Ela é autora de 7 livros.
A história da ex-jornalista Cláudia Dias Baptista de Souza, de 70 anos, é um exemplo de transformação. Casou aos 14 anos, separou-se -se 17, grávida. Teve uma menina, fez um aborto, tempos depois sofreu um acidente de carro, tentou o suicídio e foi presa na Suécia por tentar traficar ácido.
A busca pela sabedoria a levou a ser ordenada como monja Coen, em 1983. Hoje é uma das principais líderes espirituais budistas do Brasil e primeira mulher e pessoa de origem não japonesa a assumir a Presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil.
“Faça o bem, fale o bem, pense o bem. Perceba que cada ser que encontramos é um ser iluminado disfarçado a nos mostrar o caminho. Alguns nos mostram como não devemos ser. Outros como devemos ser”, diz um dos ensinamentos da Monja Coen.
Com informações: Canal Mova / Zero Hora / Revista Cláudia / Monja Coen