Pesquisadores da UFPB criam cerâmicas ecológicas a partir de resíduos industriais
Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram mecanismos para utilização de resíduos de granito, caulim, conchas de moluscos, bagaços de cana de açúcar e cascas de café como matéria-prima ecológica na elaboração de cerâmicas.
De acordo com o artigo “Effects of granite waste addition on the technological properties of industrial silicate based-ceramics”, as sobras de granito são materiais que podem ser utilizados na indústria de cerâmica processada a partir de barro vermelho e porcelanato, sem prejudicar a resistência mecânica e em concordância com as normas brasileiras para confecção de tijolos e telhas.
O estudo foi realizado pelos professores da UFPB Daniel Araújo de Macedo, Liszandra Fernanda Araújo Campos e Ricardo Peixoto Suassuna Dutra. Além deles, contou com a participação de pesquisadores vinculados à pós em Ciência e Engenharia de Materiais da UFPB e à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como o professor Allan Araújo.
O grupo trabalha no desenvolvimento de cerâmicas para diversas aplicações tecnológicas, como: cerâmica tradicional, membrana cerâmica, cerâmicas para aplicações em eletrônica e sistemas energéticos. Nas pesquisas, resíduos de distintos segmentos da indústria são analisados no processamento de cerâmicas e, como matérias-primas de baixo custo, podem ser usadas na criação delas.
Elevado potencial tecnológico
“Os trabalhos contemplam diversos resultados que indicam um elevado potencial tecnológico, com o reaproveitamento de rejeitos que causam impactos ambientais. Uso de resíduo de caulim, de conchas de moluscos como mariscos, mexilhões e ostras, cinzas de bagaço de cana de açúcar e de casca de café”, destaca o pesquisador Allan Araújo.
Nos estudos, segundo Allan, há análises com os resíduos para distinguir ações da interferência de raios-x, por meio de sistemas que produzem imagens de alta resolução das superfícies das amostras. Os especialistas também verificam as propriedades físicas com o uso da mecânica dos fluidos, de módulos de flexão e métodos não destrutivos ao ambiente capazes de estudar as características e a permeabilidade das estruturas das cerâmicas.
“Alguns resultados são tratados com metodologias estatísticas através do planejamento e análise de experimentos. Os materiais seguem diversas etapas de processamento, contemplando principalmente prensagem de particulados e sintetização de amostras. O potencial dos resultados tem sido comprovado com publicações de artigos em periódicos nacionais e internacionais, pedidos de patentes, teses e dissertações”, destaca Araújo.
Para o pesquisador da UFPB, por valorizarem os resíduos e apresentarem benefícios ambientais e financeiros, os projetos são “extremamente atrativos e possuem um elevado interesse, como de parceiros da Universidade de Aveiro, em Portugal”.
Com informações: Ascom-UFPB
Edição: Josy Gomes Murta