Economia Criativa: vivenciando experiências únicas em Dona Inês-PB
Por Regina Medeiros Amorim
Nas minhas andanças pela Paraíba e outros territórios tenho percebido muitos governos que operam com diferencial, exatamente porque investem na capacidade interna e atuam promovendo as mudanças necessárias para fortalecer a economia, a cultural local e a sociedade.
A visita mais recente que fiz foi ao município de Dona Inês-PB, para uma palestra sobre economia criativa e turismo. Visitei a Mata do Seró, uma reserva florestal, cuja vegetação é formada por árvores ainda preservadas e árvores frutíferas. Próximo à Mata do Seró, há um empreendedor que vai investir em uma área de camping, para melhor formatar o turismo de aventura no município.
Memória coletiva
Conheci o Espaço da Memória, dividido em três ambientes de memória coletiva, que representam os ciclos econômicos do município. O Memorial da Farinha, traz no seu acervo peças das antigas casas de farinha existentes nas décadas de 50 e 60. Eram vários caminhões carregados de farinha de mandioca que saíam do município e hoje praticamente essa atividade econômica é pouco representativa.
O Memorial do Homem do Campo, representa uma réplica da casa dos primeiros habitantes, agricultores do município. O Memorial do Sisal que foi outro grande ciclo econômico. O Espaço da Memória educa e preserva a história dos ciclos econômicos do município, muito adequado ao turismo pedagógico da região. Atualmente a atividade econômica principal é a extração mineral, gerando renda para cerca de 400 famílias.
_______
O governo municipal tem investido na infraestrutura necessária para estimular o turismo criativo e colaborativo de Dona Inês – PB, que tem uma população estimada de 10 mil habitantes.
_______
O projeto arquitetônico Memória Cruz da Menina será uma excelente estrutura para o turismo religioso. Esse projeto está inserido na comunidade quilombola Cruz da Menina, que certamente será beneficiada com o desenvolvimento local do turismo.
O ateliê do Sérgio Teófilo tem peças únicas, criativas e belas, esculpidas em madeira umburana, de reaproveitamento.
Nesse período de chuva as cachoeiras de Dona Inês-PB são encantadoras. Como exemplo cito a Cachoeira do Letreiro, cuja trilha e beleza, nos conscientiza, para o respeito ao ambiente preservado. As marmitas do Lajedo Preto, tem uma configuração natural à parte, que transforma o local, em uma área de contemplação, dessas formações rochosas da natureza.
Somando a esse atrativo natural tivemos a experiência de saborear a gastronomia regional, onde o prato principal foi a galinha de capoeira, com o pirão e o feijão verde, no Restaurante Rural da Célia. Tudo muito gostoso.
À noite, após a palestra, foi o momento de interagir com os artistas locais, verdadeiros talentos da música, no quiosque denominado Boteco. Saí mais surpresa ainda com o acervo de cultura viva, que é tão valorizada pela gestão pública atual.
_______
Certamente o projeto do Festival de Inverno, previsto para unir três municípios da região, será mais uma ação assertiva para atrair turistas para o município.
_______
Quero destacar a ação colaborativa de decoração da cidade para os festejos juninos, sempre com o enfoque da sustentabilidade e o pertencimento dos atores locais.
Depois de vivenciar essa experiência em Dona Inês – PB, posso concluir que o desenvolvimento local sustentável, supera os diferentes desafios relacionados à saúde, à educação, à segurança, questões ambientais, tecnologia digital e inclusão social. Esses são problemas complexos, que exigem inovações tecnológicas e sociais, organizacionais e políticas.
Missão de todos
Não podemos perder o rumo e continuar cometendo erros passados. É preciso que a sociedade comece a pensar que a promoção do desenvolvimento no seu território é missão de todos: iniciativa privada, governo e comunidade.
É propósito de um governo, a sua capacidade e as competências necessárias para uma boa execução e contribuição efetiva, para um mundo melhor, fazendo valer a parceria público-privada, onde as pessoas possam prosperar e os recursos naturais e culturais sejam respeitados.
Todas as dificuldades que estamos vivenciando hoje são consequências das escolhas que fizemos coletivamente. Que tenhamos mais governos, empresários e comunidade, comprometidos com o bem público e o bem-estar da sociedade.
Regina Medeiros Amorim
Gestora de Turismo e Economia Criativa. Paraibana, sertaneja, natural de Santa Luzia. Em 1976 mudou-se para a capital paraibana. Viveu em Maceió (Al) de 1989 a 1999. Radicada em João Pessoa desde 2000.
Trabalha no Sebrae da Paraíba. Mestre em Visão Territorial e Sustentável do Desenvolvimento, Pós-graduada em Gestão e Marketing do Turismo.
*Dama Comendadora do Turismo – Comenda Cruz do Mérito do Turismo – Câmara Brasileira de Cultura. (Outorga de Notáveis da Região Sul em Foz de Iguaçu e demais regiões do Brasil – Foz do Iguaçu-PR, em 14/05/22).
Facebook: https://www.facebook.com/regina.medeirosamorim
E-mail: reginaamorim1256@gmail.com
Edição: Josy Gomes Murta