Empreendedor fica conhecido por pedir que clientes se sirvam e lavem a louça em seu café
Tiago Amaral, 37 anos. Fundador da Taberna do Amaral. O empreendedor ficou conhecido na internet por seu jeito peculiar de comandar o negócio: pedindo para os clientes se servirem e até sugerindo que eles lavem as xícaras ao invés de pagar pelo café em seu estabelecimento. O motivo, ele diz, é que não quer ter o trabalho de lavar a louça depois.
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“Mais que potencial, eu tenho preguiça”. A frase escrita na camiseta de Tiago é o bordão do empreendedor nascido em Divinópolis, Minas Gerais.
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“Hoje eu sei que as pessoas não vêm só pela comida, mas para conversar também. Estou aqui para fazer parte da vida deles. Qualquer pessoa pode vender comida, mas eu quero vender histórias”, afirma Amaral — que fatura R$ 7 mil em média com o negócio mensalmente. O sucesso se espalhou para as redes sociais, onde ele já soma mais de 300 mil seguidores no Instagram e quase 500 mil no TikTok. Suas publicações incluem vídeos contando histórias da taberna e reagindo a outros conteúdos.
Uma longa jornada empreendedora
Apesar de hoje ser conhecido como preguiçoso, Amaral tem uma longa jornada empreendedora. Antes de fundar a Taberna do Amaral, ele teve uma marca de roupas masculinas que contava com uma fábrica e três lojas físicas. Ele acabou desistindo do empreendimento depois de ser diagnosticado com depressão. “Em 2014, já adoecido, resolvi largar tudo. Dei baixa no CNPJ e resolvi trabalhar com comida como eu sempre quis”, conta.
Então, passou a produzir quitandas (como pães de queijo e broa) e vender de porta em porta. Foi quando criou uma relação próxima com os clientes. “Era o melhor emprego do mundo. Eu conhecia as histórias e contava as minhas histórias também”, diz o empreendedor — que chegava até a entrar na casa dos consumidores e conversar com eles. No entanto, em 2016, foi denunciado pela Vigilância Sanitária e proibido de vender na rua.
Um espaço acolhedor
Por coincidência, o espaço comercial abaixo de sua casa ficou disponível para aluguel neste momento, e ele abriu um espaço físico. A principal decisão foi que ele não venderia comidas, mas histórias. Ou seja, os consumidores deveriam se sentir acolhidos. “Eu deixaria de ir para a casa dos clientes, mas eles viriam até a minha casa. Quis que fosse um espaço acolhedor. É um bairro bem tranquilo e não tem fluxo, então, eles podem ficar confortáveis”, afirma.
Com o espaço físico, o empreendedor observou uma mudança grande na sua rotina. “Antes, eu podia cozinhar de manhã para vender à tarde. Mas, com a taberna, as pessoas chegavam o tempo todo enquanto eu ainda estava com a mão na massa”, diz Amaral. A solução foi pedir que os próprios clientes retirassem seus produtos.
Aconteceu naturalmente
“Foi algo que aconteceu naturalmente e até hoje eu não sirvo ninguém”, afirma Amaral, que também faz os fregueses anotarem os próprios pedidos e retirarem o troco do caixa. Isso é possível, ele diz, pela relação de confiança que estabeleceu. “As pessoas vêm e eu faço todo mundo conversar. Aqui vai ter gente que não conhece sentando perto e uma hora vai ter que conversar”, diz Amaral.
No final de 2019, o empreendedor — que fazia tudo sozinho — percebeu que muitos clientes estavam chegando quando a comida já tinha acabado. Então, pensou em começar a fabricar canecas e camisetas temáticas da taberna. Prestes a colocar o plano em prática, o teve de fechar a taberna por causa das restrições da pandemia do coronavírus. Foi bem quando ele havia viralizado pela primeira vez na internet com um vídeo sobre o seu jeito de comandar o negócio. “Eu falo que foi o vídeo certo no momento errado porque logo eu tive de fechar as portas”, afirma.
Foi o momento mais desafiador do negócio. “Fiquei muito tempo fechado e outras semanas funcionando parte do dia”, conta Amaral. Ele tentou implantar um esquema de delivery, mas a empreitada não deu certo. “Em abril de 2021, tive outro pico de depressão e fiquei totalmente descrente da vida porque nada estava dava certo.”
Em um dia em que estava particularmente estressado, viu um vídeo que o marcou. “Era uma pessoa fazendo algo na casa dela como se fosse muito fácil, mas era bem complicado”, afirma Amaral — que decidiu fazer um vídeo reagindo ao conteúdo.
Eu dava risada de mim mesmo
“Virou um momento em que eu dava risada de mim mesmo. Comecei a fazer isso porque eram os momentos de alegria que ele tinha. Eu fazia mais para mim do que para os outros”, afirma o empreendedor.
Com informações: O Globo / TodoDia
Edição: Josy Gomes Murta