Economia Criativa: desafios para uma cidade ser criativa

Por Regina Medeiros Amorim

As cidades já convivem com o desafio da diversidade e de repensar o seu papel de sobreviver diante da complexidade econômica, cultural, social e ambiental. Por isso é tão importante criar condições, para seus habitantes pensarem, planejarem e agirem com criatividade.

As cidades criativas precisam se apropriar do seu bem maior que são as pessoas, as comunidades onde tudo acontece de forma real. Uma cidade criativa não deve se limitar apenas a grupos de artistas ou das artes, dos setores de mídia, design ou patrimônio.

É fundamental ampliar a visão para as expressões culturais que podem ajudar a construir uma cidade mais significativa, em termos de desenvolvimento econômico e social, tornando os lugares melhores para as pessoas viverem e para as pessoas visitarem.

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São grandes os desafios, mas não são impossíveis, quando ouvimos e priorizamos as pessoas das comunidades criativas.

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Trago na prática, o exemplo das agremiações carnavalescas da capital João Pessoa, cidade criativa da UNESCO, já iniciando um trabalho de estruturação, que objetiva a formatação uma rota turística, que valorize o carnaval tradição, como riqueza cultural da cidade, durante o ano inteiro, gerando renda para as agremiações e experiências únicas para a comunidade, turistas e visitantes.

Segundo o consultor do SEBRAE, Danylo Aguiar, “as agremiações compreendem artistas criativos com múltiplos saberes e fazeres, desde músicos, bailarinos, percussionistas, aderecistas, costureiras e carnavalescos, cujos talentos serão aproveitados para diferentes experiências turísticas, como apresentações culturais, oficinas de percussão, confecção de adereços, aulas de dança e rodas de conversa, permitindo aos turistas e visitantes uma maior conexão com os brincantes e com a cultura popular da cidade. Além de interagir com a arte, aprender a fazer e conhecer a história e a riqueza cultural do carnaval tradição, o turista ainda poderá comprar o artesanato, instrumentos, camisetas e adereços que tornarão a sua visita uma experiência inesquecível”.

Capacidade criativa de um território

De acordo com o Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), João Pessoa tem 59 bairros oficiais. É exatamente em alguns dos bairros mais tradicionais que encontramos o celeiro da cultura viva e autêntica do carnaval.

Uma das prioridades das cidades criativas é o entendimento intercultural, através da inclusão social, da sustentabilidade e da diversidade cultural, que são recursos que podem reinventar uma cidade, com vantagem estratégica. A capacidade criativa de um território, compreende a sua história, sua cultura, a memória afetiva, a sua capacidade de promover interações, desenvolver e aproveitar os talentos e melhorar as condições operacionais.

Algumas cidades criativas possuem parte da população com a prática cultural, muitas vezes não entendida como um negócio, uma fonte de renda, que poderia gerar dignidade aos cidadãos e viabilizar soluções criativas para os problemas sociais existentes.

Cidades criativas precisam…

As cidades criativas precisam desenvolver a capacidade de resolver problemas e descobrir oportunidades para inovar, através da criação de centros de cultura em cada bairro ou distritos criativos, que favoreçam a regeneração urbana mais ampla, que abrigue a população multicultural desfavorecida, gerando renda para os artistas da comunidade e que permita ser visitado por turistas.

Temos muitos exemplos de bairros em cidades de vários países, que foram transformados pela parceria público-privada. Um deles é o Distrito das Destilarias, em Toronto, sendo hoje um dos principais pontos turísticos da cidade, com mais de oitenta negócios criativos: ateliês, galerias de arte, restaurantes, lojas e cervejarias. É um lugar boêmio, muito bonito, onde ocorrem festivais e onde as pessoas gostam aproveitar a vida noturna. 

Ser cidade criativa

A capital Fortaleza é cidade criativa da UNESCO que está requalificando as suas áreas degradadas, apostando no investimento cultural para dar vida aos espaços, muitas vezes resquícios da era
industrial.

Ser cidade criativa significa mudança de mentalidade, com inclusão digital, para fazer surgir uma nova economia, dinâmica, ágil, rica de valores intangíveis e de experiências incomparáveis e incríveis do lugar.

Fortaleza: Cidade Criativa pela Unesco. Foto: Reprodução
Bairro Distillery District em Toronto. Foto: Reprodução
Economia Criativa: desafios para uma cidade ser criativa | Imagem de capa: João Pessoa – Cidade Criativa/Reconhecida pela Unesco – Novo Busto de Tamandaré. Foto/montagem: Página João Pessoa – Facebook   | Reprodução


Regina Medeiros Amorim

Gestora de Turismo e Economia Criativa. Paraibana, sertaneja, natural de Santa Luzia. Em 1976 mudou-se para a capital paraibana. Viveu em Maceió (Al) de 1989 a 1999.  Radicada em João Pessoa desde 2000.

Trabalha no Sebrae da Paraíba. Mestre em Visão Territorial e Sustentável do Desenvolvimento, Pós-graduada em Gestão e Marketing do Turismo. 

*Dama Comendadora do Turismo – Comenda Cruz do Mérito do Turismo – Câmara Brasileira de Cultura. (Outorga de Notáveis da Região Sul em Foz de Iguaçu e demais regiões do Brasil – Foz do Iguaçu-PR, em 14/05/22).

Facebook: https://www.facebook.com/regina.medeirosamorim

E-mail: reginaamorim1256@gmail.com


Edição: Josy Gomes Murta


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