Curitiba: prefeito cria lei que estimula a agricultura urbana

Burocracia, incômodo, contestação e, por fim, incentivo à agricultura urbana. Hortas comunitárias instaladas em terrenos ociosos, praças e outros espaços. Modismo ou movimento mundial?

Tudo começou de uma forma não muito democrática, quando moradores de Curitiba (PR) denunciaram outros que estavam a cultivar hortas em espaços públicos.

Os dois grupos de hortelões urbanos fizeram uma horta e plantaram bananeiras no bairro do Cristo Rei e foram denunciados à prefeitura.

Bananeiras na frente da casa do industriário Vanderlei Lozano. Multa de R$ 812. Foto: Reprodução

No entanto houve a intervenção do prefeito Rafael Greca que recebeu os moradores em audiência. E após a conversa do prefeito e os hortelões, Greca decidiu criar uma nova lei para estimular a agricultura urbana, promovendo esse tipo de ação pela cidade e impedindo que novos casos sejam denunciados.

Rafael Greca entendeu que não estava acontecendo um abuso do espaço público, e sim, um movimento mundial.  “A humanidade tem que se voltar de novo para a terra e para o arado”, disse Greca.

O prefeito citou o paisagista Burle Marx para justificar sua decisão: “Se meu amigo e grande paisagista brasileiro fosse vivo, ia louvar a ideia de colocar bananeiras, em vez de roseiras europeias, no jardim”.

Agricultura urbana. Foto: Reprodução

As sanções contra os denunciados foram suspensas e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), iniciou as coordenadas para a nova regulamentação.

Inicialmente foi criado um grupo de estudos para flexibilizar o uso da área das calçadas onde geralmente são instalados canteiros com grama. Como não prevê esse tipo de aproveitamento, a fiscalização pode penalizar quem dá outro uso para esses recuos, como cultivar, por exemplo.

Os resultados foram celebrados pelos hortelões curitibanos. Ricardo Leinig e Márcia Steil, responsáveis pela horta em Cristo Rei declararam que “para evitar a poluição, ainda usamos plantas não comestíveis, que protegem as hortaliças”.

Hortelões urbanos. Curitiba (PR) foto: Reprodução 

Vanderlei Lozano Silva, que plantou as bananeiras junto com Hugo Lange, disse que, um dos motivos para plantar as árvores foi “ensinar ao meu filho como é a natureza”. Ele ainda salientou “que as plantas foram ‘adotadas’ pela vizinhança e estão sendo cuidadas por ela também”.

Os moradores que denunciaram os hortelões, não tinham conhecimento que o principal programa da Secretaria Municipal de Abastecimento da cidade promove a inclusão de hortas comunitárias em Curitiba.

Pai ensinando o filho a cuidar da natureza. Foto: Reprodução

Atualmente 848 famílias participam desse projeto de hortas urbanas em cerca de 410 mil metros quadrados espalhados pela cidade. O programa envolve 392 escolas municipais: 85 delas já têm hortas desse tipo.

Que a atitude destes hortelões de Curitiba de fazer o bom uso dos espaços públicos sirva de inspiração para outros cidadãos e prefeitos brasileiros.

Horta Urbana

Vanderlei Lozano. Bananeiras na calçada de casa. Foto: Aniele Nascimento.

Nas cidades brasileiras os termos horta urbana, agricultura urbana e horta comunitária, começaram a surgir nos últimos cinco anos.

O cultivo orgânico de alimentos como hortaliças e ervas e outras plantas nas cidades busca reaproximar moradores das metrópoles, promover a alimentação saudável e também intervir no espaço urbano, transformando áreas ociosas.

O movimento surgiu por volta do ano de 1973, quando a artista e ativista americana Liz Christy criou um jardim comunitário em um terreno abandonado no Lower East Side, bairro de Nova York que havia sofrido com a debandada da classe média para os subúrbios. O jardim deu origem ao movimento “guerrilha verde”, em atividade até hoje.

Os benefícios da implementação de hortas nas cidades são defendidos por ativistas, urbanistas e organizações internacionais.

Para as cidades, os benefícios envolvem impactos ecológicos e um novo uso para espaços ociosos, e para as pessoas, impactos sociais e nutricionais, ao incluir na rotina alimentar itens plantados e colhidos por elas próprias.

Dependendo do volume da produção que a horta atingir, ela pode descomprimir os gastos com alimentação das famílias envolvidas.

Manual Hortas Urbanas

Manual Hortas Urbanas. Foto: Reprodução

A cartilha se divide em: organizar o grupo interessado em trabalhar na horta encontrar um local. As áreas podem ser canteiros de praças, áreas comuns em condomínios, terrenos baldios ou ociosos (nesses casos é necessário verificar o histórico de ocupação do terreno), quintais coletivos, espaços cedidos pelo poder público, ou outros.

Necessário levar em consideração se a área é exposta ao sol durante pelo menos 4 a 6 horas diárias; se há água para irrigação; se há muita proximidade de árvores, para evitar a competição por nutrientes do solo e o sombreamento; se a área está sujeita a alagamento e se há ventilação escolher as espécies e plantar.

O manual também dá dicas de quais espécies são mais adequadas para climas quentes ou para o período de inverno.

Indica todos os elementos necessários para iniciar a horta, de utensílios e ferramentas a insumos, planejar uma rotação de culturas para não esgotar o solo, informações sobre controle de pragas e doenças, preparo de biofertilizantes, adubação e plantio em pequenos espaços, como o canteiro da calçada em Curitiba, também estão presentes no manual.

Hortelões urbanos. Foto: Reprodução
Hortelões urbanos. Foto: Reprodução
Horta urbana. Ricardo Leinig. Arquivo Pessoal
Horta urbana. Ricardo Leinig. Arquivo Pessoal
Horta urbana. Ricardo Leinig. Arquivo Pessoal
Hortelões urbanos. Foto: Reprodução

Com informações: Conexão Planeta / Gazeta do Povo / Tribunapr / Ciclo Vivo / Nexo expresso / Instituto Pólis /Agência de Notícias da Prefeitura de Curitiba

One thought on “Curitiba: prefeito cria lei que estimula a agricultura urbana

  • 15 de julho de 2017 em 10:36
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    Bom dia ! Parabenizo a redação do Boas Notícias pela matéria. Curitiba Ecologicamente Humana é uma das inovações do nosso Prefeito Rafael Greca, sendo assim muito são seus projetos em benefício dos Curitibanos. Amo minha Cidade e com a segunda chance de termos um prefeito imensamente apaixonado por ela, muitas ainda seráo as boas notícias que virão.

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