UFPB homenageia cidades paraibanas em livro de fotografias
No preto e branco das fotografias de Gustavo Moura, os personagens da história dos 60 anos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) colorem as páginas do livro intitulado Unicidades. A observação é do jornalista Gonzaga Rodrigues, um dos convidados para apresentar o seu olhar em palavras sobre a instituição. A obra foi organizada pelo professor Eduardo Rabenhorst.
Segundo o docente do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) e ex-vice-reitor da universidade, o livro é acima de tudo um imenso ensaio imagético. “Parodiando Deleuze, eu diria que esse grande ‘percepto’ produzido por Gustavo Moura é acompanhado de conceitos que complementam a leitura visual. São imagens e escritos que nos fazem pensar no passado e no futuro da UFPB”, disse Rabenhorst.
O Conexão Boas Notícias conversou com o professor Eduardo Ramalho Rabenhorst sobre a construção do livro e as influências da UFPB nas cidades paraibanas.
De que forma os 60 anos de existência da Universidade Federal da Paraíba estão registrados no livro “Unicidades”?
A ideia do livro Unicidades surgiu a partir da necessidade de elaboração de um “produto” final das comemorações 60 anos de criação da UFPB. Ao mesmo tempo, a obra teria a função de servir de material publicitário da instituição. Partimos da ideia de que o livro não poderia ter o formato de um balanço burocrático das inúmeras atividades desenvolvidas pela universidade, mas deveria ter um traço mais artístico.
Assim surgiu a proposta, abraçada com entusiasmo e imenso talento por Gustavo Moura, de fotografarmos as paisagens paraibanas nas quais a universidade se faz hoje presente. Desse modo, os 60 anos da UFPB estão no livro Unicidades na forma de um rico e belo retrato lírico-poético de seis cidades paraibanas que acolheram a universidade desde a sua criação.
Um retrato no sentido imagético, mas também retrato escrito, pois cada bloco de fotografias é acompanhado de um breve texto produzido por um personagem oriundo das cidades fotografadas.
Quem participou da produção do livro?
O livro é fruto, principalmente, de uma parceria entre três atores. O fotógrafo Gustavo Moura, que também é servidor da instituição, a comissão encarregada de promover as comemorações pelo transcurso dos 60 anos da UFPB, coordenada pela Vice-Reitoria Bernardina Freire, e a editora universitária que assumiu a execução do projeto.
Qual a UFPB desenhada pelas pessoas que escreveram para o livro?
O “desenho” da instituição em Unicidades reflete o perfil e a perspectiva de cada autor. Temos, assim, percepções de toda espécie, faces de um mesmo cubo que nunca pode ser visto por inteiro. Alguns textos são memorialistas, outros poéticos, outros históricos. A vida é breve, a UFPB é longa…
Como é a relação da universidade com as cidades paraibanas que fazem parte da UFPB?
A história particular da UFPB se confunde com aquela mais geral das localidades que a acolheram e vice-versa. João Pessoa, Areia e Bananeiras são nacionalmente conhecidas como cidades universitárias. O mesmo deve acontecer em um futuro próximo com as cidades de Santa Rita, Rio Tinto e Mamanguape.
A presença de uma universidade, que é um fato social total, em uma cidade é de importância estratégica, em todos os sentidos: educacional, cultural, econômico, etc. As cidades são as primeiras a reconhecer a importância da UFPB e esta, em contrapartida, se sente honrosamente beneficiada pela acolhida, por contar com os quadros mais competentes dessas localidades. É uma via de mão dupla.
De que forma a UFPB modificou ou interferiu nas cidades paraibanas ao longo desses 60 anos?
Não há um paraibano que não tenha uma relação direta ou indireta com a UFPB. Em todas as famílias há alguém que estuda, trabalha ou usa os serviços oferecidos pela universidade: formação acadêmica e profissional, serviços médicos, esportes, cursos de língua, teatro, música, etc.
Diz-se que o Padre Rolim ensinou a Paraíba a ler. A UFPB, por seu turno, sem arrogância, ensinou a Paraíba a pensar, deu ao Estado asas para alçar voo livre, cumprindo o vaticínio de seu fundador, José Américo de Almeida. Eis a pertinência científica e a relevância social da instituição ao longo desses 60 anos.
Por Marcella Machado, da redação do Conexão Boas Notícias