Português lança primeiro livro sobre a economia da Fórmula 1
O professor da Universidade do Minho, Paulo Reis Mourão, acaba de lançar o primeiro livro no mundo sobre a economia da Fórmula 1. “The Economics of Motorsports: The Case of Formula One”, editado pela inglesa Palgrave.
A obra mostra em 300 páginas, os custos das corridas, o papel dos media e patrocinadores ou de que forma a sociedade beneficia desta indústria. Traz também os segredos para ser uma equipe vencedora, as influências na sustentabilidade de um projeto e perspectiva para o futuro da modalidade.
Segundo o autor, foram seis anos de trabalho, e foi escrito para o público em geral. “Estamos longe do British Motorsport Valley e das sedes das construtoras, o que tornou a investigação mais árdua, mas permitiu outros contatos com os diversos agentes”, acrescenta.
Cada prova do “grande circo” implica dezenas de milhões de euros, suportados por promotores nacionais e internacionais.
Paulo Reis Mourão defende a transparência nos processos, porque incluem também dinheiros públicos, e revela metodologias para que os patrocinadores saiam beneficiados, em especial nos meios mediáticos e digitais: “A Liberty Media, agora detentora do campeonato da Fórmula 1, está apostada no entretenimento e em nivelar a qualidade dos carros, crescendo a competitividade, quando na ‘era Ecclestone’ dominavam três escuderias”.
Reis admite o regresso da principal categoria do desporto automóvel a Portugal, no autódromo do Algarve. “É um investimento a pelo menos dez, quinze anos, superior a 800 milhões de euros, envolvendo a população, os promotores regionais e sobretudo o Governo.
Ele salienta: “Os contratos de um circuito na F1 são a longo prazo, com estruturas que têm de ser transformadas e suportadas, permitindo ganhos só após vários anos”, frisa. O país não recebe uma prova desde 1996. A LibertyMedia quer alargar o mapa para além das 21 corridas em 2019. Ferrari, McLaren, Toyota, Renault, Toro Rosso e Williams já fizeram testes no Algarve.
Para o docente da UMinho, uma boa equipe faz do triângulo investidores-proprietários-fãs. A sua sobrevivência e a dos próprios pilotos depende “de cada ponto que obtêm no fim da prova e que vale muito dinheiro”. Difere do início da modalidade, em que certas escuderias resistiram graças à paixão dos fãs.
A obra foca ainda a longevidade de pilotos não ganhadores, como o britânico Martin Blundell e o italiano Andrea de Cesaris, “talvez por serem da nacionalidade de construtoras automóveis”.
O economista nota que este desporto não serve apenas as elites: “Tornou-se um fantástico campo de testes das inovações, como na segurança e na interação pessoa-veículo, que permite haver menos mortes e termos essas tecnologias no quotidiano”.
O autor
Paulo Reis Mourão nasceu em 1978, em Vila Real e vive em Braga. Fez o doutoramento em Economia pela UMinho, onde é professor auxiliar da Escola de Economia e Gestão, diretor do mestrado em Economia Social e investigador do NIPE – Núcleo de Investigação em Políticas Económicas, cruzando a economia com áreas como política, desporto, finanças, religião e cultura.
Venceu o Prémio CNI de Economia do Brasil e o Literati Network Award for Excellence, entre outros. Soma uma centena de artigos em revistas científicas e conferências, diversos livros e está no conselho editorial de várias publicações. Tem o blogue Economia sem Gravata.
Com informações: Sapo PT / Tribuna Expresso PT / Alumni Uminho PT News