Ação Social pela Música leva cidadania para comunidades vulneráveis
Mãos ágeis, ouvidos aguçados e um sorriso no rosto. É o que se vê quando sobem ao palco os integrantes da Camerata Jovem do Rio de Janeiro, uma das orquestras formadas pelos alunos da Ação Social pela Música do Brasil.
A organização tem o objetivo de levar perspectiva de vida e mais cidadania por meio da música para crianças e adolescentes de comunidades vulneráveis. Atualmente, o programa mantém 12 centros de aprendizagem que atendem, ao todo, cerca de 4.000 jovens.
Para Victor Freitas, 20 anos, o Ação pela Música mudou sua vida. “Eu nunca começava nada do que terminava e, com treze anos, era uma preocupação constante para a família, pelos perigos que existem para os jovens que têm muito tempo ocioso na favela”, relata o músico, morador do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ). Foi uma tia de Victor que o inscreveu para participar dos cursos do projeto, sem saber ao certo como o sobrinho reagiria.
Sete anos mais tarde, Victor não só integra uma das orquestras formadas pelos adolescentes que mais se dedicam e se destacam na música, como também está no sétimo período de pedagogia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. “O projeto significa muito na minha vida. Quando eu entrei eu não tinha perspectiva de crescimento pessoal, social. A gente realmente não sabia qual seria o rumo da nossa vida. Isso é comum onde a gente mora. O projeto abriu a minha mente para me mostrar que eu posso ser o que eu quiser”, conclui Victor.
“Eu nunca imaginei que eu poderia tocar em Brasília, em Nova York, na Alemanha, na Holanda, em todos os lugares em que a gente foi. O projeto é responsável por isso tudo, eu agradeço muito a Deus pela oportunidade”, destaca.
Autoestima e profissão
O violino de Gabriel Paixão, que começou a tocar aos 10 anos, tornou-se um amigo inseparável. “Desde pequeno, a música para mim significava esperança. Eu pegava no violino e um mundo novo, de imaginação se abria para mim, um mundo perfeito. Ele se tornou o meu melhor amigo”, destaca.
Tímido, Gabriel relata que a música e a prática do instrumento, assim como as apresentações, o ensinaram a ser mais desenvolto, a falar e se expressar melhor, além de trazer amigos e uma profissão. Assim como Victor, Gabriel integra a Camerata Jovem do Rio de Janeiro.
A violinista Anna Eliza de Moraes já vê a música como profissão. Aos 17 anos, ela planeja cursar o bacharelado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Não lhe falta experiência e nem credenciais. Ela também é da Camerata Jovem do Rio de Janeiro, cujo primeiro concerto foi para o Príncipe e a Princesa Akishino, do Japão, durante visita ao Brasil em 2015.
Anna teve seu primeiro contato com o instrumento por meio do Ação Social pela Música, aos 10 anos. “Eu peguei a manha do violino e me apaixonei pelo instrumento”, relata Anna.
Ação Social Pela Música
A Ação Social pela Música do Brasil foi criado em 1994 pelo maestro David Machado, que viria a falecer no ano seguinte. Foi então que Fiorella Solares, musicista e esposa de David, assumiu a direção de tudo. De lá para cá, mais de 12 mil jovens já participaram das atividades do projeto. Atualmente, há unidades do programa no Rio de Janeiro (RJ), em Petrópolis (RJ), João Pessoa (PB) e Ji-Paraná (RO).
Em várias de suas ações, o programa conta com o apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Para Fiorella, a Lei é fundamental para o desenvolvimento da Cultura pois, no Brasil, não há tradição entre o empresariado e entre as pessoas físicas de fazer doações para projetos e entidades culturais.
“Eles precisam do incentivo, do desconto no imposto de renda, para destinar os recursos para os projetos. Criou-se uma ideia equivocada de que a empresa dá os recursos, mas na verdade ela é só viabilizadora. Como há o desconto no imposto de renda, quem dá os recursos somos nós, os contribuintes”, destaca.
Um exemplo a ser seguido
Entusiasta da Lei, ela apoia todas as mudanças implementadas pela Instrução Normativa publicada em abril deste ano. “Nós estamos muito orgulhosos da parceria com o Ministério, nós apoiamos muito todas as diretrizes que foram definidas pelo ministro Osmar Terra. Podem ser feitas maravilhas quando existem produtores e organizações que otimizem os recursos, como a nossa. Fazemos muito, com pouco”.
Para o Secretário Especial da Cultura, Henrique Pires, a Ação Social pela Música do Brasil é um exemplo a ser seguido. “Eles conseguem fazer um programa social com resultados de alta qualidade. A cada ocasião em que se apresentam, evidenciam a excelência de um trabalho bem feito, com jovens de comunidades que têm ali a chance de mudar de vida, de mudar a vida das suas famílias e conviver nesse mundo maravilhoso que é o mundo da cultura”, avalia.
Saiba mais sobre o Ação Social pela Música no Brasil no site da organização.
Com informações: Ascom – SEC/MC