Acesso Cidadão: voluntários doam amor e emprestam braços e pernas
Uma ação de voluntários que há sete anos escolheram a simplicidade do banho de mar e a diversão na areia como forma de demonstrar carinho e construir esperanças: o Acesso Cidadão.
A ideia compartilhada por Genilson Machado e outras pessoas, nasceu do que ele viu numa novela de tv: uma cadeira de rodas anfíbia. Ele, que é tetraplégico há 31 anos, vítima de um mergulho na piscina, se transportou em pensamento para o equipamento e de imediato vislumbrou as possibilidades. Sentiu em segundos uma breve noção da liberdade que poderia readquirir. A partir daí deu asas à criatividade.
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“Imaginamos tipo um balneário, uma estrutura que pudesse mostrar às pessoas com deficiência que a vida continua”, relembra.
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Ele conceitua o projeto como “um projeto social de amor sem preconceitos ou barreiras”. É realmente assim o Acesso Cidadão.
Todo sábado, Genilson e outros voluntários se juntam para montar tablados e demais equipamentos num trecho de praia de João Pessoa (PB). O espaço recebe indiscriminadamente pessoas que têm algum tipo de deficiência – física ou mental.
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“Venha emprestar seus braços e pernas e dar seu amor.”
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Os voluntários são a peça fundamental do projeto, porque são pernas, braços e olhos dos usuários. “Venha emprestar seus braços e pernas e dar seu amor” é uma frase que se ouve muito na batalha para manter o fluxo de voluntários para atender à crescente demanda do projeto.
Simplesmente podem
A área escolhida para as atividades fica na praia de Cabo Branco, no trecho de areia próximo à Fundação Casa de José Américo. Lá, os usuários podem ser levados pelos usuários em cadeiras de roda para tomar banho de mar, podem participar de escolinha de caiaque, integrar equipes de vôlei sentado ou simplesmente fazer turismo.
“O que fazemos é acessibilidade.”
Genilson Machado é coordenador e no seu entendimento, o projeto garante o direito de ir e vir das pessoas limitadas pela deficiência.
“O que fazemos é acessibilidade. João Pessoa é uma das cidades mais acessíveis que conheço. Há políticas públicas, mas há também interesses políticos e, muitas vezes, a falta de união atrapalha. Isso é um prejuízo grande porque 32% da população da Paraíba tem algum tipo de deficiência”, argumenta.
Ele pede que a sociedade deixe de lado as bandeiras partidárias, e procure conhecer melhor o projeto, visita-lo e dedicar-se ao voluntariado. “Para ser voluntário, basta chegar, trazendo seu sorriso, seus braços e suas pernas”, lembra.
Genilson classifica João Pessoa como uma cidade acolhedora, que tem um bom nível de reabilitação. Ele acha que as famílias de pessoas com deficiência devem reparar mais na qualidade dos profissionais dessa área.
“É preciso valorizar os profissionais locais. Fiz uma cirurgia de correção do pescoço e em 15 dias estava surfando. Não precisei sair daqui”. Para ele, a cidade tem bons profissionais e as pessoas são acolhedoras: “As pessoas ao meu redor me chamaram para a vida, me fizeram esquecer esse fato e lembraram que tudo continuava”.
Um sonho: Fundação Praia
“Nunca tivemos uma ação dessa”, afirma Alisson Moreira Sá, que é usuário e também vice-presidente do projeto. Ele revela que o seu sonho é que esta ação se chamasse Fundação Praia e estivesse presente em todo o litoral.
Alisson sabe da força da mídia e defende a criação de um canal de TV em que ele e seus companheiros do projeto possam apresentar um programa exclusivamente dedicado ao tema da acessibilidade, assistência e cooperação com as pessoas deficientes, além, é claro, de divulgar o Acesso Cidadão e suas ações.
“É uma beleza.”
“O projeto é uma ação social que precisa ser apoiada. Atende a todos. É uma beleza a gente ver isso”, diz João Ferreira Filho, 81 anos, tenente-coronel reformado do quadro de engenheiros do Exército.
Em 2015, ele teve um problema de saúde e a partir disso teve que usar cadeira de rodas. Foi uma de suas fisioterapeutas, que foi voluntária no projeto, que o apresentou ao Acesso Cidadão.
“Já vim a segunda vez e pretendo manter”, disse João, que pratica para reduzir a dependência da cadeira de rodas.
Usuária e voluntária, Isabela de Farias Soares, 37 anos, também ajuda na coordenação do projeto há dois anos. Conheceu as atividades pela internet: “Uma vez trabalhando junto com os demais voluntários e os usuários me sinto uma pessoa em condições normais”, diz. Ela tem estatura abaixo no normal, que não chega a ser nanismo, mas é considerada uma deficiência física, decorrente de um fator congênito.
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“O projeto é uma ação social que precisa ser apoiada. Atende a todos. É uma beleza a gente ver isso.”
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Com informações: Festar muito!
Edição: Josy Gomes Murta