Brasil literário: Mapa dos escritores mais importantes de cada Estado
A geografia traça os caminhos da literatura. Os climas, sotaques e vivências levam os leitores a uma viagem por um Brasil plural. É como sentir a friagem do Rio Grande do Sul ao ler O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo. Ou a estiagem na boca ao abrir as páginas de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. E ainda os sabores da Bahia com os temperos com os quais Jorge Amado escreveu Gabriela, Cravo e Canela.
Por 26 Estados, mais o Distrito Federal, cada autor sintetiza a identidade do lugar de origem. Numa infinidade de domadores de palavras e inclinadores de olhares, alguns critérios os colocam em destaque no mapa literário do Brasil. O número de premiações recebidas, participações em Academias de Letras de seus estados, presença na leitura obrigatória e de questões nos vestibulares locais, além da quantidade de traduções para línguas estrangeiras são alguns deles.
Na arte das palavras, a História costurada na Literatura apresenta um universo de encantamento, mistérios e reflexões. Uma possibilidade divertida e natural de conhecer as regiões Centro Oeste, Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do país através de personagens fictícios, das memórias e da poesia dos autores brasileiros. Agora que já vimos o mapa, que tal dar uma olhada no roteiro dessa viagem literária? Os anfitriões em cada estado visitado fazem as honras.
Desbravadores do Nordeste
– Paraíba: Ariano Suassuna – O Auto da Compadecida, 1955: Aborda temas universais como a avareza humana e suas amargas conseqüências, por meio de personagens populares, Suassuna, nesta obra, prepara o espectador para um desfecho moralizante conforme os preceitos do cristianismo católico.
– Pernambuco: Clarice Lispector – A Hora da Estrela, 1977: Um narrador fictício, Rodrigo S.M relata a vida da jovem nordestina Macabéa, ao mesmo tempo em que reflete sobre os sonhos, as manias e os conflitos internos da garota.
– Rio Grande do Norte: Madalena Antunes – Oiteiro: Memórias de uma sinhá-moça, 1958: Narra a infância da autora ambientado em Ceará Mirim.
– Bahia: Jorge Amado – Gabriela Cravo e Canela, 1958: O livro conta a história de amor, que desafia os costumes da sociedade da época, entre a sertaneja Gabriela e o árabe Nacib.
– Sergipe: Vladimir Souza Carvalho – Feijão de Cego, 2009: Os acontecidos narrados em Feijão de Cego contados em linguagem brejeira.
– Ceará: Rachel de Queiroz – O Quinze, 1930: O livro conta a saga dos personagens Conceição, Vicente e o vaqueiro Chico Bento, junto com sua família, fugindo da grande seca que assolou o sertão nordestino em 1915.
– Alagoas: Graciliano Ramos – Vidas Secas, 1938: Retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca.
– Piauí: Carlos Castello Branco – O Arco de Triunfo, 1959: História de um jovem nortista chamado José do Egito que vai tentar a vida na capital. Trabalha como jornalista e galga altos postos políticos.
– Maranhão: Aluísio Azevedo – O Cortiço, 1890: O romance difunde as teses naturalistas. O comportamento dos personagens da casa coletiva é explicada com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.
Vastidões do Norte
– Pará: Olga Savary – Sumidouro, 1977: Livro de poemas. O segundo da autora.
– Amazonas: Milton Hatoum – Dois Irmãos, 2002: Narra tumultuada relação de ódio entre dois irmãos gêmeos numa família libanesa em Manaus.
– Rondônia: Otávio Afonso – Cidade Morta, 1980: Livro de poesias vencedor do prêmio Casa de Las Américas.
– Tocantins: José Concesso – Meu Primeiro Picolé, 2004: Seleção de crônicas autobiográficas.
– Acre: Márcio Souza – Galvez, Imperador do Acre, 1976: História de um espanhol aventureiro no Norte do Brasil a fim de fazer fortuna rápida.
– Amapá: Manoel Bispo Corrêa – Cristais das Horas, 1978: Livro de poemas do autor.
– Roraima: Nenê Macaggi – Água Parada, 1933: Obra que integra romances e crônicas do autor na década de 30.
Travessias do Centro Oeste
– Mato Grosso do Sul: Miguel Jorge – Veias e Vinhos, 1981: O livro tem como inspiração o assassinato brutal de uma família na capital goiana há mais de 40 anos. – Mato Grosso: Manoel de Barros – Livro sobre Nada, 1996: Dividido em quatro partes, traz poemas curtos em que desconstrói a linguagem para reorganizar um mundo singular.
– Goiás: Cora Coralina – Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais, 1965: Primeiro livro de poemas da escritora.
– Distrito Federal: Renato Russo – Faroeste Caboclo, 1987: Traz detalhes as aventuras de João de Santo Cristo em sua escalada ao sucesso e fama, de conhecer suas aventuras sexuais e participar de suas brigas
Linhas do Sudeste
– São Paulo: Mário de Andrade – Macunaíma, 1928: A obra procura fazer um retrato do povo brasileiro por meio do “herói sem caráter”.
– Rio de Janeiro: Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881: Um narrador resolve contar sua vida depois de morto. O autor expõe de forma irônica os privilégios da elite da época.
– Minas Gerais: Guimarães Rosa – Grande Sertão Veredas, 1956: Relato de Riobaldo, ex-jagunço que relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por Diadorim.
– Espírito Santo: Rubem Braga – 50 Crônicas Escolhidas, 1951: Crônicas extraídas da famosa coletânea 200 crônicas escolhidas, organizada pelo próprio autor.
Ventos do Sul
– Rio Grande do Sul: Érico Veríssimo – O Tempo e o Vento, 1949: A obra traz acontecimentos e histórias de dimensões épicas, que narram 200 anos do processo de formação do estado.
– Santa Catarina: Cruz e Sousa – Broquéis, 1893: 53 poemas marcados pela constante busca da pureza por meio do uso da cor branca, seja na luminosidade do luar, seja na neblina, seja na presença da neve, seja no brilho dos cristais.
– Paraná: Dalton Trevisan – O Vampiro de Curitiba, 1965: Série de relatos em torno do protagonista Nelsinho, rapaz que vaga pela cidade em busca de sexo e de afeto.
Literatura pelo mundo
O Brasil é Dom Casmurro. A obra de Machado de Assis cobre o território brasileiro. No mapa-múndi dos livros clássicos de várias partes do mundo é assim que o país aparece.
A ideia de reunir obras marcantes de diversos países foi do usuário Backfoward24, da rede social Reddit. O objetivo do projeto é dar a oportunidade às pessoas de conhecerem novos títulos e autores do mundo.
Nessa brincadeira, os Estados Unidos e o Canadá, por exemplo são ilustrados pelos livros O Sol é para Todos, de Harper Lee, e Anne de Green Gables, de Lucy Maud Montgomery, respectivamente. Já a Rússia ganhou como marca literária Guerra e Paz, de Liev Tolstói, e a França, Os Miseráveis, de Victor Hugo.
Com informações de Superinteressante / Educar Para Crescer / Passei Web / Guia do Estudante / Galileu / Skoob