Chico Limeira: o ritmo do subversamba no Festival de Música da Paraíba
Um teatro lotado e um palco com o talento de intérpretes e compositores a cada metro quadrado. O Teatro de Arena do Espaço Cultural foi o cenário da final do Festival de Música da Paraíba no sábado (27), em João Pessoa. Uma noite de consagração para o cantor e compositor Chico Limeira, vencedor da primeira edição do concurso.
“Não sei dizer o que sinto, ainda estou in flames, flutuando, lá de cima, planejando o chão feito ave de rapina, mais atento, mais forte”, comentou o artista que também conquistou o prêmio de Melhor Intérprete. “Amor revigorado, noite imortalizada”, completou.
O compositor paraibano defendeu a canção “Imprópria”, de sua autoria, um “subversamba” como chama Chico Limeira. A letra é uma crítica aos nomes de políticos em ruas, bairros e demais espaços públicos da cidade. “Nome de planta, nome de besouro, nome de palhaço e de bailarina / Nome de bicho, nome de poeta, de cachoeira ou de ave de rapina” são os versos que sugerem as novas nomenclaturas pela visão do artista.
Chico Limeira nasceu em João Pessoa, em 1999 e iniciou a carreira no grupo Sala de Reboco, fundado junto com amigos. “Chico faz parte da geração que renova o fazer musical, não só daqui, do Brasil. Há tempos disse que veio pra ficar na história da música popular brasileira”, afirmou o músico paraibano Milton Dornellas.
Para o poeta Lau Siqueira, o cantor, embora de uma família que respira arte, como o avô Maestro Pedro Santos e avó escritora e atriz Dora Limeira, demonstra autonomia e uma identidade artística definida. “Estamos diante de um dos momentos mais produtivos da nossa canção popular. Chico me representa. Com o seu talento e com a sua simplicidade, com a sua emoção e o seu engajamento na história deste lugar”, ressaltou.
Fundador e integrante de diversos grupos do movimento musical paraibano, como o Trem das Onze, Troça Harmônica e autor de várias canções, além de seguir em carreira solo, Chico Limeira já planeja lançar um novo disco intitulado “Subversamba”.
O legado do Festival de Música da Paraíba
No Festival de Música da Paraíba, o segundo lugar ficou com Tom Drummond pela canção “Capitu” e o terceiro colocado foi Renato Anderson, pela música “Sopro da Loca”, interpretada pelo Quarteto Avuô. Os três primeiros lugares e o melhor intérprete receberam premiação em dinheiro.
Ainda disputaram a final “Chame pelo nome”, composição e interpretação de Titá Moura; “Tua estrada”, de Daniel Pina; “Um samba a dois”, de Poty Lucena, interpretada por Polyana Resende; “Paraíba Mood”, de Levi Nascimento, defendida por Levi Blues; “Chica Negra Gata”, de Jonathas Falcão, representada por Thiago Almeida; “Até quando o sertão virar mar e o mar virar sertão”, de Marcos Vinícius; “Santo de casa”, de Adeildo Vieira; “Tectônica”, de Marcelo Piancó e Thyego Lopes, cantada por Cida Alves; e “Tanto”, de Wister.
“Mostramos para a Paraíba e para o país inteiro a riqueza da nossa música em um festival marcado pela diversidade. Tivemos músicas de vários ritmos e é essa mistura que torna a nossa música tão bonita. E o público tem participado, tem interagido em todas as etapas, nas eliminatórias de Sousa e Campina Grande, na final… Acertamos na dosagem”, destacou a superintendente da Rádio Tabajara, Duda Santos, uma das organizadoras do evento junto com a Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc).
Participaram da comissão julgadora o músico paraibano Geraldo Vandré como presidente de honra, além de José Telles, Fernando Santos, Hernan Halak, Marcello Penedo e Renato Bandeira.
A direção musical ficou por conta de Sérgio Gallo, com os arranjos de Emanoel Barros, Gallo e Marcelo Villor. A banda base era formada por Sérgio Gallo (baixo), Léo Torres (guitarra), José de Arimatéia (sax), Gilvando Pereira (trombone), Igo Wendel (teclado e sanfona), Emanoel Barros (trompete), Otacílio Feitosa (percussão), Glauco Andreza (bateria), Marceliano (vocal) e Grazi Vilanueva (vocal).
Com informações: Secom-PB / Chico Limeira / Milton Dornellas / Lau Siqueira