Cientistas da UFPB potencializam antioxidantes da goiaba

Cientistas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) conseguiram potencializar os antioxidantes ácido ascórbico (vitamina c), polifenol, licopeno e betacaroteno presentes na goiaba do tipo Paluma, uma variação da goiaba vermelha. Essa intensificação da atividade antioxidante foi possível por meio do processamento mínimo em fatias e do revestimento da fruta com o polímero natural quitosana.

Além de incrementar essas substâncias capazes de proteger as células contra os efeitos dos radicais livres produzidos pelo organismo, o processamento mínimo e o revestimento de quitosana também inibiram a presença de microrganismos patogênicos como coliformes, que são bactérias indicadoras de contaminação, e bolores e leveduras (fungos), e garantiram mais praticidade no consumo da fruta.

Agregar valor

“O processamento mínimo traz conveniência ao consumidor, propiciando nutrientes e compostos antioxidantes para a dieta, podendo agregar valor e aumentar o consumo de um fruto amplamente apreciado. A goiaba minimamente processada, portanto, promove qualidade nutricional ao consumidor e maior retorno ao produtor”, afirma Silvanda de Melo Silva, orientadora do estudo e professora do Departamento de Química e Física do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFPB, em Areia.

A também coordenadora do Laboratório de Biologia e Tecnologia Pós-Colheita da UFPB explica que o processamento mínimo de frutos e hortaliças consiste em submetê-los a uma ou mais alterações físicas, como lavagem, descascamento, fatiamento e corte, tornando-os prontos para o consumo ou preparo. Após serem minimamente processados, os produtos devem manter o máximo de suas características nutritivas e sensoriais, como o frescor, aroma, cor e sabor, além da ausência de microrganismos prejudiciais à saúde.

Recobrimentos comestíveis

Embora não tenha ocorrido nesta pesquisa, Silvanda de Melo Silva alerta que as operações de processamento causam estresses que aumentam a taxa metabólica e podem resultar em perdas de nutrientes e compostos bioativos, além de mudanças indesejáveis no sabor e contaminação por microrganismos durante a operação de processamento. Já os recobrimentos comestíveis agem como barreiras físicas em produtos minimamente processados e interferem na sua fisiologia, reduzindo a sua taxa metabólica e retardando a perda da qualidade.

“O processamento mínimo da goiaba consistiu no seu fatiamento, sanificação [redução dos microrganismos a um número considerado isento de perigo], recobrimento e embalagem. A quitosana é não-tóxica, biocompatível e biodegradável e amplamente aplicada como um tipo de agente antibacteriano artificial. Tem sido utilizada para o recobrimento de vários frutos para reduzir o índice de deterioração da qualidade”, argumenta e apresenta a docente os motivos do sucesso do estudo.

O trabalho foi executado por Fernanda Melo, egressa do curso de mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Centro de Tecnologia (CT) da UFPB, em João Pessoa. Os experimentos foram realizados no Laboratório de Biologia e Tecnologia, em Areia, entre 2015 e 2017.

Colaboração

O estudo teve a colaboração dos pesquisadores da UFPB Alex Sousa, Antônio Rodrigues, Mariany Alves da Silva e Eduardo Santos; de Renato Lima, do Instituto Nacional do Semiárido (INSA); e de Raylson Melo, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

A pesquisa foi conduzida com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para incentivo à pesquisa no Brasil, a partir de 2015, no âmbito do projeto “Inovação e agregação de valor a frutos tropicais por meio de biofilmes contendo líquidos iônicos e nanoemulsões fitoquímicas com propriedades antifúngicas”, ainda em vigor.

Projeto

O projeto de pesquisa, aprovado em 2014 para o Programa Ciências sem Fronteiras/CNPq, na modalidade Pesquisador Visitante Especial, envolve 20 estudantes de graduação e de pós-graduação e visa desenvolver novos materiais e utilizar a nanotecnologia na conservação pós-colheita de fruteiras do mercado de exportação no Nordeste do Brasil.

Em 2020, resultou na patente “Plastificante em soluções filmogênicas de amido de inhame para conservação pós-colheita de frutas, processo e produto”, em parceria com a pesquisadora Maria Manuela Pintado, da Universidade Católica Portuguesa.

Expansão

A cientista da UFPB Silvanda de Melo Silva conta que o Brasil, com uma área estimada em torno de 20 mil hectares de cultura da goiabeira, produziu 566.293 toneladas do fruto em 2019, sendo o terceiro maior produtor mundial de goiaba, destacando-se entre países como Índia, Paquistão, México, Egito, Venezuela, África do Sul, Jamaica, Quênia e Austrália.

De acordo com a pesquisadora, a goiabeira é cultivada na maioria das regiões do país e vem se expandindo muito nos últimos anos, sendo que, em 2019, mais de 47% da produção nacional de goiaba se concentrou no Nordeste, seguida do Sudeste.

‘Paluma’

Naquele ano, os estados de São Paulo, Pernambuco, Bahia, Ceará e Minas Gerais se caracterizaram, em ordem decrescente, como os maiores produtores, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Essa evolução se dá, principalmente, devido ao desenvolvimento de cultivares mais produtivas. A goiaba ‘Paluma’ apresenta elevada aceitação sensorial que, aliada à qualidade funcional superior deste fruto, lhe confere alta intenção de compra, o que favorece sua inserção no mercado como fruta fresca e minimamente processada”, finaliza a professora da UFPB.


Com informações: Ascom-UFPB

Edição: Josy Gomes Murta

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