Conciliação: Coreia do Norte e Coreia do Sul vão cooperar para estabelecer um sistema de paz
Paz permanente e estável na Península Coreana. Líderes de países divididos há 65 anos anunciaram tratado de paz para encerrar guerra.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, participou de uma reunião histórica com o presidente Moon Jae-in. Com um longo aperto de mãos, os dois, sorridentes – trocaram algumas breves palavras e posaram para fotos. Em seguida, Kim puxou Moon para o lado norte-coreano da fronteira, em um gesto simbólico.
Ambos entraram” na Coreia do Sul, lado a lado, e Kim Jong-un se tornou o primeiro líder do Norte a pisar no território vizinho desde a guerra entre os dois países, interrompida por uma trégua em 1953.
Após cumprimentos às delegações presentes, Kim e Moon entraram na chamada Casa da Paz, centro de conferências no lado sul da fronteira, para sua reunião.
Durante a primeira cúpula intercoreana em mais de 11 anos, o ditador da Coreia do Norte e o presidente da Coreia do Sul comprometeram-se a assinar um acordo de paz para encerrar a guerra na Península ainda neste ano.
Kim Jong-un e Moon Jae-in assumiram o “compromisso de completar a desnuclearização da Península Coreana”, além de reduzir arsenais convencionais para diminuir as tensões militares e fortalecer a paz.
O pacto vai substituir o armistício de 1953, quando a guerra entre as nações foi interrompida por cessar-fogo, mas nunca teve um fim oficial.
“Estamos há muito tempo esperando e, agora, percebemos que somos uma nação, que somos próximos”, afirmou Kim ao comentar a assinatura da declaração conjunta. “Estamos ligados pelo sangue e nossos compatriotas não podem viver separados”, salientou.
A reunião histórica aconteceu na manhã de sexta-feira (27) de abril, no vilarejo fronteiriço de Panmunjom, situado na zona desmilitarizada entre os dois países.
De acordo com o documento, “o Norte e o Sul vão cooperar ativamente para estabelecer um sistema de paz permanente e estável na Península Coreana”.
O texto diz: “Os dois líderes solenemente declararam ante 80 milhões de coreanos e todo o mundo que não vai haver mais guerra na península da Coreia e que uma nova era de paz começou”.
Segundo o porta-voz da presidência sul-coreana, Yoon Young-chan, no encontro, que durou cerca de duas horas, ambos “falaram sobre a desnuclearização, estabelecimento da paz na península e sobre melhoria nas relações” bilaterais.
Kim e Moon Jae-in decidiram organizar um encontro entre as famílias separadas desde o fim da guerra, há 65 anos, mantendo o programa “por ocasião do Dia de Libertação Nacional em 15 de agosto deste ano”, quando é comemorada a rendição do Japão ao final da Segunda Guerra Mundial.
Após as discussões na cúpula, Kim ainda disse que ambos os líderes haviam concordado em coordenar de perto o processo de paz para garantir que não ocorra uma repetição da “história infeliz” da região, na qual os progressos anteriores “fracassaram”.
“Pode haver folga, dificuldades e frustrações”, disse ele, acrescentando que “uma vitória não pode ser alcançada sem dor”.
Durante o encontro histórico, Kim e Moon plantaram na zona desmilitarizada um pinheiro, nascido em 1953, ano em que foi assinado o cessar-fogo entre os dois países.
Na base da árvore foi colocada uma pedra com os nomes dos líderes, com os dizeres: “plante paz e prosperidade”.
Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou o histórico encontro e declarou que a guerra na Península terminou. “A guerra da Coreia terminou! Os Estados Unidos e todo seu grande povo deveriam estar muito orgulhoso do que está acontecendo agora na Coreia”, escreveu Trump, em sua conta no Twitter.
Em um outro tuíte, o norte-americano ressaltou que o encontro acontece depois de um ano “furioso de lançamentos de mísseis e testes nucleares”.
“Boas coisas estão ocorrendo, mas apenas o tempo dirá”, escreveu o magnata em sua conta no Twitter.
Reação do Brasil
O Brasil expressou “satisfação” pelo inédito encontro entre o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na zona desmilitarizada entre os dois países.
“O Brasil saúda a disposição de ambos os governos para o diálogo e espera que a iniciativa contribua para a evolução positiva do processo de paz e de desnuclearização da Península Coreana”, diz uma mensagem postada pelo Itamaraty no Twitter.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro acompanha a reunião com “interesse e satisfação”.
Com informações: Huffpost Brasil