Consumo das notícias: equilíbrio é a chave

Uma nuvem cinza encobre o fundo azul do céu, a claridade do sol e a névoa dificulta a visão do que está adiante. Os efeitos que as más notícias provocam sobre indivíduos e comunidades é semelhante ao de uma tempestade. Mais que desastres físicos, esse fenômeno informativo pode ter impacto direto na nossa saúde mental e na forma de enxergar o mundo.

A constatação é de Jodie Jackson, mestra em Psicologia Positiva Aplicada da Universidade de East London (UEL), na Inglaterra. Em sua dissertação, a pesquisadora realizou estudos sobre o impacto psicológico das notícias sobre o leitor e, em particular, o papel das informações positivas e seus efeitos.

Jodie Jackson analisou uma amostra composta por leitores e jornalistas da iniciativa Positive News. Foto: What a Good Week/Reprodução

A própria experiência de Jodie Jackson ao ouvir notícias no rádio a instigou a pesquisar o tema. “Eu tive uma forte reação emocional a ele. Como consumidor, achei-o deprimente e cínico, mesmo paranoico, com seu foco implacável em problemas”, relatou.

Segundo o estudo, o excesso de negatividade na mídia provoca ansiedade, medo, desprezo e hostilidade para com os outros e ainda altera os níveis de humor. “Em alguns casos, esse viés negativo pode levar a uma evitação completa das notícias”, completou.

Equilíbrio é a chave

Os jornalistas não devem ignorar elementos positivos, diz o estudo. Foto: Reprodução

Jodie Jackson acredita que é possível haver certa proporcionalidade entre notícias boas e ruins. Em seu mestrado, ela desenvolveu o Projeto de Jornalismo Construtivo. “É muito sobre como contamos histórias de problemas e soluções para capacitar o leitor. Isso se refere a ter empatia e compaixão ao relatar problemas. Superar os detalhes mais óbvios ou trágicos de uma história para incluir uma reflexão mais equilibrada sobre a aparência da realidade”, esclareceu.

Pesquisas anteriores como as encabeçadas por Shana Gadarian, professora associada da Escola Maxwell da Universidade de Syracuse, em Nova York, e Mary McNaughton-Cassill, docente da Universidade do Texas-San Antonio mostraram a relação entre consumo de notícias e os diagnósticos dos relatórios sobre a saúde mental.

Notícias boas tornam o leitor mais sensível às histórias e estimula o sentimento de empatia. Foto: GPointStudio/Reprodução

O cenário dentro do universo das boas notícias ou do jornalismo de soluções é bem diferente daquele refletido pela mídia tradicional. Essa nova forma eleva os níveis otimismo, esperança, resiliência, engajamento, coaching ativo, resolução efetiva de problemas, bom-humor e incentiva o comportamento altruísta. Na pesquisa, Jodie Jackson identificou esses elementos como parte da dieta de uma mídia equilibrada.

“As notícias positivas não podem esperar para serem relatadas na ausência de problemas, porque se você está esperando que o mundo se livre dos problemas antes de começar a olhar para o que é bom, você nunca irá vê-lo. Precisamos perceber as conquistas do mundo ao lado de suas falhas para informar e entender o mundo com mais precisão”, enfatizou a pesquisadora.

Boas notícias inspiram o espírito solidário das pessoas. Foto: Corbis/Reprodução

Muito mais que verificar uma balança entre notícias boas e ruins, Jodie Jackson mergulhou em um espaço ainda invisível. “Eu vi o quão ótimas pessoas fazem grandes pessoas, como a sabedoria inspira, como a compaixão cura e como amor e respeito dissipam o ódio e a ignorância”. Para ela, aqueles que são otimistas, tendem a buscar cada vez mais conteúdos positivos.



Com informações: Positive News / The Guardian / Ivoh / Constructive Journalism / People Of London

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