Decoração contemporânea: adaptabilidade e multifuncionalidade

A casa do futuro. O tráfego intenso de informações tem moldado o amanhã. A tecnologia de um lado fica quase invisível e facilita a vida, mas vira algo onipresente, do outro, vem a reação de quem prefere se desconectar.

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“Nos próximos dez anos, a revolução digital será muito maior do que nas últimas três décadas. E isso vai influenciar o modo como nos relacionamos, viajamos, trabalhamos, nos entretemos e moramos.
– Guto Requena, arquiteto e pesquisador 

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A arquitetura, o design de interiores e os jeitos de viver, não poderiam ficar de fora dessa revolução. “À medida que os espaços diminuem, adaptabilidade e multifuncionalidade são fundamentais para pensar uma decoração contemporânea”, destaca Andrea Bisker, head da Stylus, uma empresa especializada em inovação e consultoria.

Afinal, como essas novidades vão acontecer?

Segundo os especialistas, Guto Raquena e Andrea, e informações recentes de pesquisas internacionais sobre o assunto. Todos apontam para o avanço rápido dos dispositivos tecnológicos, provocando uma onda que impacta o comportamento e faz surgir novos movimentos e tribos, como os nômades. Desprendidos, porém conectados, eles conseguem se sentir em casa em qualquer lugar do globo.

Guto Requena, arquiteto, pesquisador e diretor criativo do Estúdio Guto Requena. (Tomás Arthuzzi | Revista Casa Claudia)

“É a geração que não sonha em comprar um imóvel e se fixar porque prefere viajar pelo mundo. O nomadismo enfatiza que o ‘ter’ deixará de ser importante”, comenta Iza Dezon, diretora da agência de estudos de tendências Peclers do Brasil.

Para esse grupo, ao desembarcar num novo lugar, o uso do smartphone ou do tablet para acessar as músicas e os filmes preferidos ou entrar em contato com as pessoas queridas rapidamente desperta o sentimento de lar, ainda que seja uma casa virtual.

Com os novos gadgets, que facilitam o dia a dia, surgem os robôs e assistentes pessoais. “Eles já podem ler notícias, buscar informações de trânsito, pedir pizza, chamar o encanador, fazer compras. Além de controlar todos os aparelhos domésticos, desde o micro-ondas até o ar-condicionado”, diz Andrea. E o melhor: é possível acioná-los à distância.

Casa-templo
Foto: Reprodução

Mas o excesso de aparato tecnológico também gera reações contrárias e coloca em evidência aqueles que desejam se desconectar e experimentar uma rotina mais analógica e, assim, se aproximar da natureza. Essas pessoas buscam uma ligação com o mundo real no que vem sendo chamada de casa-templo.

“As fronteiras entre a natureza, o exterior e a vida interior estão se tornando mais tênues porque os moradores querem trazer um clima zen para suas casas. Jardins internos estão em alta, especialmente para quem vive em grandes cidades”, explica Dewi Pinatih, editora sênior de design de produto na Stylus.

Economia compartilhada
Foto: Reprodução

Na contramão dos que buscam refúgio, há os que valorizam a troca de experiências. Nessa pegada, uma das escolhas é pelo coliving. “A economia compartilhada, que já impacta várias indústrias, começa a deixar sua marca no universo imobiliário. Conforme os preços dos imóveis aumentam mais do que a renda dos consumidores, espaços de convívio e residências compartilhadas por vários moradores se tornam uma solução atraente, em especial para as novas gerações”, explica Andrea Bisker.

A casa pública

Nasce assim a casa pública, uma realidade mundo afora. O movimento oposto, também existe. Cresce a quantidade de gente que prefere morar sozinha por opção. Esse grupo
passa longe do estigma de solidão e simplesmente quer ter a liberdade de fazer suas próprias escolhas no dia a dia. É o que os trend hunters batizaram independent singletowns.

Espaço público

Dentro do conceito de compartilhar ideias e experiências, os limites do que é considerado privado estão sendo revistos e quem ganha com isso é o espaço público. A Avenida Paulista e o Minhocão, em São Paulo, reservados exclusivamente aos pedestres nos fins de semana, são bons exemplos. Hoje, nos apropriamos das cidades e nos sentimos motivados a cuidar delas como se fossem nossa casa.

Andrea Bisker, head da Stylus, empresa especializada em inovação e consultoria. (Tomás Arthuzzi | Revista Casa Claudia

No Brasil

Em outros países, o fenômeno já vem acontecendo há algum tempo. No Brasil, no entanto,
é algo recente e será absorvido rapidamente pelas futuras gerações.

“Em 1950, cerca de 30% da população global vivia em centros urbanos. O número cresceu para mais de 50% em 2014 e ainda deverá aumentar pelo menos mais 20% até 2050 (segundo um estudo das Nações Unidas de 2014).

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“A procura por estilos de vida mais fluidos faz com que os espaços coletivos sejam valorizados e promovam um convívio saudável nas cidades”, salienta Andrea.

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Configuração dos ambientes

Novas tendências. Se o comportamento humano evolui, é natural que a configuração dos ambientes da casa acompanhe essas transformações. “A maneira como construímos até hoje obedeceu a um modelo que separa os projetos em áreas social, íntima e de serviços. Só que agora, com os novos jeitos de morar, isso tende a acabar”, explica Guto.

Espaços quase ou totalmente integrados viraram regra, pois se adaptam à rotina acelerada da maioria das famílias. Enquanto no passado as conversas aconteciam de um jeito formal na sala de estar, hoje podem rolar durante o preparo do jantar, com a TV ligada.

Foto: Reprodução

De quebra, a integração da cozinha com o living facilitou a convivência e ainda elevou o ambiente ao status de estar. Apesar disso, há quem diga que ela pode sumir no futuro.

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“Talvez nossas cozinhas deixem de existir porque vamos viver em espaços compactos e não teremos mais a necessidade de preparar refeições. Pediremos comida pelo celular ou qualquer outro dispositivo ligado à internet”, completa Tiago Curioni

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Medidas enxutas

A crise imobiliária nas grandes metrópoles e a escassez de crédito para o financiamento influenciam na diminuição da metragem dos imóveis. Na mesma proporção, o preço do metro
quadrado aumenta. Por isso, temos acompanhado uma grande oferta de empreendimentos com medidas muito exutas– entre 10 e 20 m².

Tiago Curioni, arquiteto e urbanista, com pós-graduação em design estratégico. (Tomás Arthuzzi | Revista Casa Claudia)

O mobiliário precisa ser repensado para se adequar a esse cenário e itens multiúso serão mais valorizados. “As peças acumularão funções, como a mesa de centro que vira mesa de jantar”, explica o designer Ronald Sasson.

Pensar o espaço

As casas estão diminuindo de tamanho, o interesse por espaços bem pensados tem crescido dia após dia. Na decoração as peças de design modulam tanto o conforto quanto o prazer de morar. Arquitetos, designers e criativos estão bastante focados nestes vários aspectos e novo jeito de viver que estão dentro das nossas casas. 

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução


Com informações: Casa Claudia

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