Design biofílico: Conexão do homem urbano com a natureza
Contemporaneidade. Tecnologia, arquitetura e decoração voltam-se para as plantas e outros elementos orgânicos. O design biofílico está em alta. Afinal o que é isto?
O nome é bem diferente, porém o conceito é familiar. Biofílico é derivado da palavra bioflia, que significa “amor à vida”.
Quando se trata de design, a proposta é resgatar a conexão do homem urbano com a natureza por meio da arquitetura, do décor e do urbanismo.
De acordo com o arquiteto inglês Oliver Heath, titular de um escritório especializado nesse tipo de trabalho, essa ligação pode rolar tanto de forma direta, com o uso de plantas, água e pedras num projeto, quanto de maneira indireta. “Cores e formas orgânicas são capazes de fazer o link”, aponta o especialista.
Ultimamente a tendência aparece em ambientes residenciais, corporativos, comerciais e até em cidades inteiras, aos poucos, São Paulo vem aderindo à mudança. Prova disso está no entorno do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão.
“Jardins verticais plantados nas laterais de edifícios ao longo do viaduto trazem beleza e ajudam a refrescar o clima. Também reduzem a poluição e mostram às pessoas que o lugar em que vivem pode ser melhor”, diz o paisagista Guil Blanche, do Movimento90º, responsável por essa iniciativa e pelos muros verdes da Avenida 23 de Maio.
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“Podemos fazer muito mais. Há diversos canteiros áridos e praças inativas à espera de transformação”, ressalta Guil Blanche.
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Veja um exemplo de recorrer à natureza nos materiais construtivos: o edifício Amata, que começará a ser erguido na capital paulista no ano que vem. Só para se ter uma ideia, o prédio de uso misto, de 14 andares, levará madeira certificada (paricá) em quase toda a estrutura.
“Os benefícios são muitos. Além da absorção de CO2, a madeira tem uma textura gostosa e acolhedora. Essa associação é puro design biofílico”, diz a arquiteta Carol Bueno, umas das sócias do escritório Triptyque, autor do projeto.
Segundo o arquiteto Lula Gouveia, do SuperLimão Studio, o mundo se tornou cinza e asséptico, principalmente nas grandes cidades, daí o crescimento dessa tendência também nos ambientes de trabalho e lazer.
O escritório dele assina a Cervejaria Goose, em São Paulo.
Já o arquiteto Guto Requena também adepto da proposta, enfatiza: “Quanto mais tecnológicos ficamos, mais queremos estar perto de água, árvores, paisagens. Mas o cenário não é de embate entre esses polos, e sim de união”.
No projeto de interiores do Walmart, na Grande São Paulo, Guto apostou em móveis de áreas externas para trazer o clima desejado. “Foi um jeito de dar a funcionários e visitantes a sensação de estar a céu aberto mesmo lá dentro.”
Já Claire Walsh, consultora nos Estados Unidos da Stylus, empresa focada em tendências e inovação, destaca a DMM, marca de streaming de vídeo e jogos localizada em Tóquio. “Além de jardins indoor, eles transmitem imagens reais e estilizadas da natureza nas mesas de trabalho e num painel digital gigante”.
Ótimos exemplos de como fazer essa ligação não faltam. “Vale usar papéis de parede, fotos e pinturas com imagens, literais ou estilizadas, de folhas, flores, florestas e animais, entre outros elementos”, aponta a arquiteta Fernanda Carminate, do escritório carioca PKB.
“Uma vez, montei uma composição com fotografas de praias da Califórnia na parede da sala. Isso trouxe uma espécie de horizonte natural para um apartamento com vista para construções bem urbanas”, recorda ela. Objetos de décor e mobiliário inspirados em figuras e formas orgânicas também são bem-vindos para criar uma proposta nesses moldes.
“Numa casa pequena ou num grande edifício, o design biofílico apresenta inúmeras possibilidades que afetam positivamente a vida das pessoas. Várias pesquisas comprovam que a proximidade com o meio ambiente se converte em bem-estar, produtividade e saúde”, argumenta Douglas Tolaine, do escritório inglês Perkins+Will.
Com informações: Casa Claudia