Designer gaúcha dá novas funções ao vime, Inspirada em imigrantes
Nova coleção de Nicole Tomazi. Cestos, fibra natural também compôs espelhos, sousplats e até luminárias. O vime dando o ar de sua graça!
Quando os imigrantes italianos aportaram aqui no Brasil no início do século passado, eles trouxeram muitos utensílios para facilitar a colheita nas lavouras da região Sul. A maioria deles feitos de um ramo flexível e resistente: o vime.
Mais de cem anos depois, e a matéria-prima tornou-se protagonista nas mãos da designer Nicole Tomazi, especializada em cestaria artesanal e um dos destaques da última edição da tradicional feira Paralela Design, que ocorreu na última semana em São Paulo.
“Minha ideia foi mostrar que essa inter-relação dos povos cria coisas novas e produz riqueza cultural”, enfatizou a gaúcha, que assina a coleção Imigrante: uma releitura do conjunto apresentado na feira MADE 2017, mas com uma nova roupagem.
Além de vasos e fruteiras, Nicole produziu também espelhos, sousplats e até luminárias com o material. “O vime tem uma durabilidade e uma versatilidade superior a de outras fibras. Uma outra vantagem é que ele não descasca facilmente”, explica a designer, que é bisneta de italianos que chegaram ao Brasil em 1906.
A revisão da coleção exibida na Paralela passou por uma depuração visual. Anteriormente apresentadas com fundo preto, as peças ganharam estruturas metálicas mais claras. “Elas servem como um suporte para não sobrecarregar demais o vime e se diluem melhor que as tonalidades mais escuras.”
No processo manual de preparação de cada haste de vime, o primeiro passo é molhá-la. Com a absorção da água, ela se torna mais maleável e mais fácil de ser modelada. Diferente dos objetos tradicionais no material que são trançados, Nicole procura deixá-los mais soltos em suas obras. Uma característica que se tornou praticamente sua marca registrada.
“Há uma grande onda de migração no mundo, especialmente na Europa, e precisamos nos perguntar o que esse encontro de culturas pode gerar para próximas gerações. A arte e o design podem ajudar na resposta”, conclui Nicole.
Com informações: Estadão