Dessalinizador que usa energia solar e transforma água salobra em potável ganha prêmio nacional
Uma tecnologia social de convivência com os longos períodos de estiagem, fornecendo às famílias dos assentados rurais, água de boa qualidade.
O dessalinizador de baixo custo foi desenvolvido a partir da captação da energia solar. Foi premiado nacionalmente no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2017. O projeto beneficia cerca de 37 família em três cidades da Paraíba. Segundo a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado (Aesa), de setembro a dezembro deste ano, não choveu na região.
De acordo com as informações, para produzir o dessalinizador, o custo é de até R$ 1 mil. A fase de experiência já implementou 28 unidades em três assentamentos em Pedra Lavrada, Cubati e São Vicente do Seridó.
O professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Francisco Loureiro, que coordenou o projeto, recebeu o prêmio em 23 de novembro.
O equipamento transforma água salobra em potável e foi produzido a partir de uma experiência envolvendo alunos do curso de Agroecologia e membros da Cooperativa de Trabalho Múltiplo de Apoio às Organizações de Autopromoção (COONAP), no campus II da UEPB, na cidade de Lagoa Seca, na região do Agreste da Paraíba.
Francisco explicou que o dessalinizador foi projetado a partir de um trabalho de construção participativa, envolvendo alunos e agricultores da região. A ideia surgiu diante da necessidade de facilitar o acesso à água potável para as famílias que vivem em regiões com escassez de água.
Os assentamentos Belo Monte I, em Pedra Lavrada, Belo Monte II, na cidade Cubati, e Olho D’Água, em São Vicente do Seridó foram os ambientes beneficiados com os equipamentos.
O professor destaca que a escassez da chuva na região foi o incentivo para criar o dessalinizador e fazer com que as famílias continuem sobrevivendo de suas terras, a partir de alternativas ecológicas e técnicas.
Ele argumenta ainda, que a procura pelo projeto tem sido grande por se tratar de um método simples, de baixo custo e manutenção. Francisco está otimista e deseja transformar essa iniciativa em um projeto de política pública, igual aconteceu com a construção de cisternas.
Os interessados em conhecer o projeto devem procurar a COONAP ou fazer o contato direto com o campus da UEPB, que está à disposição para contribuir. Francisco informa que tem um trabalho de orientação com cartilhas explicativas, o que facilita a compreensão das pessoas que procuram a tecnologia.
O Professor Francisco enfatiza que estão sendo implementados 70 novas unidades do equipamento no município de Caraúbas, no Cariri paraibano.
O modelo do dessalinizador foi projetado em uma caixa construída com placas pré-moldadas de concreto, com uma cobertura de vidro, que possibilita a passagem da radiação solar.
Segundo o professor, os processos de dessalinização e desinfecção da água, ocorrem quando a alta temperatura no interior do dessalinizador provoca a evaporação da água, que entra em contato com a superfície resfriada e faz o condensamento, retirando os sais antes existentes.
O método também elimina bactérias que podem causar doenças. Cada unidade do dessalinizador produz um volume de água potável de 16 litros por dia.
Premiação
O Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social contemplou sete projetos, com troféus de vencedores e o valor de R$ 50 mil para cada experiência, destinados à expansão, aperfeiçoamento ou reaplicação da metodologia.
Foram inscritos no processo o total de 735 projetos, com 18 finalistas nas categorias nacional e três na internacional.
O dessalinizador solar
Uma tecnologia social de convivência com os longos períodos de estiagem, fornecendo às famílias água de boa qualidade.
O modelo de dessalinizador solar construído pela COONAP, consiste em uma caixa construída com placas pré-moldadas de concreto, totalizando uma área de 4 m². A cobertura é composta de vidro, o qual possibilita a passagem da radiação solar (ondas curtas), mas inibe a saída das ondas longas para fora do dessalinizador solar. Com isso, aumenta-se a temperatura dentro do dessalinizador, fazendo com que ocorra a evaporação da água armazenada em uma “lona de caminhão” colocada como piso do dessalinizador.
As altas temperaturas evaporam a água sobre a lona de caminhão; assim o vapor de água entra em contato com o superfície de vidro (que está a uma temperatura menor que o vapor) o que ocasiona a condensação do vapor de água, e com isso, produz-se uma água de qualidade para o consumo humano.
Os dessalinizadores não só promovem a retirada dos sais dissolvidos na água, mas também elimina os microrganismo patógenos, especialmente as bactérias que causam doenças, a exemplo da Escherichia Coli.
As altas temperaturas (até 70°C) dentro do dessalinizador solar, elimina os patógenos, fazendo com que a água atendam as prerrequisitos de potabilidade.
O dessalinizador solar é uma tecnologia social que utiliza a energia solar (renovável e com grande potencial no Brasil) para a dessalinização e desinfecção de águas, o que tem contribuído para atender as necessidades hídricas das famílias rurais do semiárido paraibano.
Com informações: G1 / Focando a Notícia / Fundação BB