Edvaldo Santana lança novo CD em João Pessoa

O artista chega a João Pessoa para apresentar seu novo trabalho musical – o oitavo de sua carreira solo: “Só vou chegar mais tarde”.

A apresentação nesta segunda-feira (30), às 19h30, na Budega Arte e Café, no bairro dos Bancários, em João Pessoa. A entrada é gratuita.

Nascido e criado em São Miguel Paulista, periferia de São Paulo, Edvaldo Santana já é um nome bastante conhecido na música brasileira desde quando se destacou ao lançar o CD “Amor de periferia”, que teve música incluída na trilha sonora do filme “Antonia”, de Tata Amaral.

Edvaldo Santana. Um artista coerente, inspirado pelo que capta ao seu redor, mas também pela sua vivência. Foto: Reprodução

Este novo trabalho de Edvaldo Santana ganhou elogios entusiasmados de ninguém menos que o jornalista Jotabê Medeiros, um dos maiores críticos musicais em atividade no Brasil que lançou recentemente biografia sobre Belchior.

“Não há equivalente de Edvaldo Santana na música brasileira. Digo isso de um longínquo e ao mesmo tempo privilegiado posto de observação. Ele não é um Elomar porque não é sedentário, não é o sábio de uma montanha; é um andarilho, um artista em movimento. Ele não é um Cartola porque não pertence a uma geografia, a uma agremiação; ele é margem de muitos rios. Ao mesmo tempo, contém todas essas histórias. Ele aproxima pontas que parecem distantes, como Celso Blues Boy e Luiz Melodia e Augusto de Campos e Arnaldo Antunes”, analisa Jotabê.

Edvaldo Santana. Um poeta urbano. Foto: Reprodução

Para o crítico musical, os discos de Edvaldo Santana sempre tiveram uma grande diversidade de pontos de vista e de urdiduras musicais.

“Mas agora ele fez um álbum conceitual, uma coisa de uma unidade e simetria absolutas. É como se fosse um curriculum vitae em forma de poesia e ourivesaria sonora: Só Vou Chegar Mais Tarde (Distribuição Tratore). O piano de Daniel Szafran pontua a canção 40 com um toque de boogiewoogiesulista, aproxima Edvaldo de Jerry Lee Lewis. Tem até um washboard no som – aquele instrumento de New Orleans originado de uma tábua de lavar roupa, que espalha pequenos batuques pelas reentrâncias da música”, comenta.

E acrescenta: “O melhor disco do Edvaldo Santana levou 40 anos. E ele o dá assim a você de mão beijada.”

Primeiros acordes

Edvaldo Santana é o primeiro de oito filhos do piauiense Félix e da pernambucana Judite. Os primeiros acordes foram dados no velho violão do pai no final da década de 60, com influências que vão de Manezinho Araújo e Jackson do Pandeiro à Torquato Neto, Hendrix e toda contracultura que entra em cena nesse período. A partir daí, Edvaldo participa de vários festivais estudantis e cria seu primeiro grupo, o Caaxió.

Edvaldo Santana. Liberdade de cantar o que lhe faz bem Foto: Amanda Perobelli | Estadão | Reprodução

Em 1974 no teatro de Arena, o Caaxió apresenta o show “Casca de vento” com Edvaldo Santana como cantor e compositor. Os amigos Fernando Teles, Luciano Bongo e Zé Bores completavam o grupo. Numa época onde a censura era comum, o show teve dez músicas cortadas do seu repertório. Em meio a batalha pela sobrevivência do grupo eles conseguem um contrato com a gravadora Top-Tap que impõe a condição de substituírem o nome do grupo que passa a chamar-se “Matéria Prima”.

Um ano antes da gravação do primeiro disco do Matéria Prima, Edvaldo conhece Tom Zé que os convida para acompanhá-lo em alguns shows. Com o fim do Matéria Prima, em 1986, Edvaldo Santana parte então para sua carreira solo.

O CD que lança em João Pessoa é o oitavo dessa carreira. Não dá para perder o show dessa segunda-feira.

Edvaldo Santana – Com o pé na estrada, sempre!  


Com informações: Linaldo Guedes

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