Especial – No rastro das artes

Por Jair Lemos

Em entrevista aos documentaristas João Jardim e Walter Carvalho, sobre o documentário Janela da Alma (2002), o escritor português José Saramago diz que é necessário “dar a volta nas coisas para vê-las melhor”. Esta declaração, por mais simples que pareça, explica o cuidado e a sensibilidade que o autor deve ter para descrever uma cena, estática ou em movimento, e para captá-la em sua essência.

Essa introdução é para lembrar que esse cuidado e essa sensibilidade estão presentes no trabalho do documentarista e produtor cultural pessoense Hélio Costa, que já entrevistou 199 personalidades, entre artistas plásticos, músicos, atores, poetas e fotógrafos Brasil afora, através de sua produtora, disponível no Youtube (ver no final da matéria).

O que dizer de Hélio Costa?

O documentarista em um momento de trabalho – Divulgação

De Hélio Costa se pode dizer que ele tem o foco na alma do artista, deixando que este conte sobre si mesmo, depois de tê-lo circundado em sua essência, com sua visão aguçada. O resultado são depoimentos espontâneos, sinceros, carregados de gratidão, mas também de orgulho e satisfação com sua própria arte.

Amante das artes em geral, Costa tem enveredado pelas artes plásticas, especialmente pela arte naïf (palavra de origem francesa, cujo significado é ingênuo), pela qual tem um grande carinho e admiração. Já deu voz a 36 deles, sempre focado no trabalho destes, a maioria tentando se fazer compreender e fazer com que compreendam que a arte naïf, mesmo com sua simplicidade, é arte do maior quilate, ainda que não reconhecida e valorizada como deveria.

“Divulgador”

Hélio durante entrevista com o recifense Francisco Brennand, um dos maiores escultores do país, com obras espalhadas em todo o mundo | Divulgação

O documentarista, que prefere o termo “divulgador”, em pouco mais de dez anos reuniu um grande  acervo documental, o qual passou a dividir com o seu público na internet.

“Resolvi criar um canal no Youtube onde os artistas podem falar sobre seus trabalhos e um pouco de sua vida pessoal, criando assim uma intimidade que depois de cada minidocumentário nos tornávamos amigos”, contou, em entrevista ao Conexão Boas Notícias. Isto porque, além de produzir os vídeos, ele também coleciona depoimentos dos seus personagens em reconhecimento ao seu projeto.

Em seu acervo documental constam dezenas e dezenas de entrevistados, entre eles Francisco Brennand, W. J. Solha, Américo Potero, Polibio Alves, Gonzaga Rodrigues, Elpídio Dantas, Gilmar Leite, Miguel dos Santos, Davi Queiroz, Luiz Tananduba, Alexandre Filho, Flávio Tavares, Con Silva, Rosângela Politano, Ângela Gomes, Marinilda Boulay etc.

‘Arte da humildade’

Para o crítico de arte Oscar D’Ambrosio,  o documentário é a arte da humildade. “Significa sair de cena e ser o suporte para a voz do outro. Trata-se de um sutil apagamento de si mesmo para dar voz ao outro, o que é difícil em um universo de vaidades como o da arte, em que geralmente todos buscam ser protagonistas”, avalia.

_______

“Instaura assim um espaço para que cada um possa partilhar a sua visão de mundo…”

_______

Nesse aspecto, segundo ele, Hélio Costa promove dar visibilidade a muitos criadores, principalmente os ligados à arte popular. “Instaura assim um espaço para que cada um possa partilhar a sua visão de mundo. O exercício de ‘sumir’, para dar voz ao outro, demanda ter a convicção de colocar o próprio talento a serviço do outro e de ideais maiores. É isso que ele faz em nome da arte”, conclui D’ Ambrosio.

Rico mapeamento

O artista Rodrigues Lima fala da importância do trabalho de Costa para a Paraíba: “No momento em que alguém desejar fazer um apanhado sobre a produção artístico-cultural da Paraíba, basta se apropriar desse trabalho do Hélio que terá um rico mapeamento do que nós artistas estamos produzindo”, disse.

Por fim, Tito Lobo resumiu Hélio Costa em uma reportagem também no Conexão Boas Notícias:  “Ele [Hélio Costa] sabe dominar a fotografia, a filmagem e sabe produzir a razão da história de cada artista”, afirmou.

Quem é Hélio Costa

Hélio Rodrigues da Costa nasceu em João Pessoa, morou em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. É publicitário, advogado e jornalista. A partir de seu primeiro vídeo-documental, com seu conterrâneo Fred Svendsen — pintor, desenhista, gravador, escultor e designer – nunca mais parou.

Costa tem 17 prêmios nacionais e um documentário lançado em cuba. Cobriu vários eventos voltados às artes, entre eles o FIAN (Festival Internacional de Arte Naïf), de Guarabira-PB; BINAIF (Bienal Internacional de Arte Naïf), de Socorro-SP; e a inauguração do Miman (Minimuseu de Arte Naïf), de Paraty-RJ.

Costa é membro da FENACOM (Federação Nacional de Comunicação), da API (Associação Paraibana de Imprensa), FEBRATUR (Federação Brasileira de Comunicadores de Turismo) e recentemente passou a ocupar a cadeira 39 da Academia Cabedelense de Ciências Arte e Letras Litorânea (ACCAL), que tem como patrono Walfredo Rodriguez.

Contatos:

Youtube: https://www.youtube.com/c/H%C3%A9lioCostaCosta/videos

Facebook: https://www.facebook.com/heliocosta.costa


Quem sou | Jair LemosJair Lemos atua como jornalista na região há 35 anos, tendo passado por vários jornais impressos, entre eles Diário da Região, Folha de Rio Preto e Jornal Bom Dia. Em Mirassol, desde o início dos anos 1990, é colaborador do jornal Correio de Mirassol. Na cidade, foi fundador e editor do jornal Primeira Edição e editor do Jornal da Cidade.


Publicação original: Mirassol Online 

Edição: Josy Gomes Murta


Mais:

Hélio Costa: Um homem da arte

Hélio Costa: arte de documentar os talentos da Paraíba


Leia e Compartilhe boas notícias com amigos nas redes sociais…

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.