EUA: Cientistas conseguem modificar pela primeira vez embrião humano
Um tema polêmico, a alteração do genoma de embriões humanos pode corrigir os genes defeituosos que causam doenças hereditárias.
Pesquisadores dos Estados Unidos usaram uma nova e revolucionária técnica de edição genética para modificar o DNA de embriões humanos. O avanço foi divulgado recentemente (26/07) pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês).
De acordo com o artigo, a comunidade científica está alarmada porque a técnica envolve um longo debate ético com relação à modificação do DNA humano. O método Crispr-Cas9 é um dos maiores avanços científicos recentes. Em resumo, consegue “recortar” o DNA de forma barata e rápida, antes a edição genética era uma técnica cara e sem uma possibilidade fácil de expansão.
Após cientistas conseguirem aprimorar o Crispr para uso prático em 2012, em 2015 sua popularidade explodiu e seus usos são incontáveis. Já foi usado para criar cães extramusculosos, porcos que não contraem viroses, amendoins antialérgicos e trigo resistente a pragas.
Devemos criar seres humanos com material genético editado?
Os investigadores do Crispr respondem a indagação. E dizem que a técnica deverá ser regulamentada. O seu principal objetivo, segundo os cientistas é mostrar que é possível erradicar ou corrigir genes que causam doenças hereditárias. A técnica é apontada como uma futura solução para a cura de doenças como o Alzheimer, câncer e a Aids.
Esta é a primeira vez que os embriões são modificados em terras norte-americanas. O esforço foi liderado por Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, e envolveu a mudança de um grande número de embriões, de acordo como texto do MIT. A técnica já havia sido usada para editar embriões humanos em outras três ocasiões, todas as vezes na China.
Para o médico Simon Waddington, professor de tecnologia de transferência genética da Universidade College London, “é muito difícil fazer comentários sobre este trabalho porque ainda não foi objeto de uma publicação científica”.
Pesquisadores chineses foram os primeiros a modificar, em 2015, os genes de um embrião humano com resultados mistos, segundo um informe publicado pela revista britânica Nature.
Em dezembro de 2015, um grupo internacional de cientistas e especialistas em ética convocados pela Academia Nacional de Ciências norte-americana (NAS) em Washington considerou que seria “irresponsável” utilizar a tecnologia CRISPR para modificar o embrião com fim terapêutico até que as questões de segurança e de eficácia sejam resolvidas.
Contudo em março de 2017, a NAS e a Academia de Medicina norte-americana consideraram que os avanços realizados na técnica de edição genética das células humanas de reprodução “abrem possibilidades realistas que mereceriam sérias considerações”.
A premissa de avaliar a eficácia da técnica sobre os embriões humanos é também apoiada na França pela Sociedade de Genética Humana e a Sociedade de Terapia Celular e Gênica. O Reino Unido já validou projetos de pesquisa que utilizam esta técnica.
Com informações: Estadão / El País / Veja / DN PT