Fenearte – PE, na sua edição 2018 homenageará o Mestre Salu
Um nome, um legado cultural. O Mestre Salu será celebrado na 19ª edição da Fenearte – PE (Feira Nacional de Negócios do Artesanato), que irá acontecer entre 4 e 19 de julho no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda.
Mestre Salu, também conhecido como Mestre Salustiano, um dos mestres mais conhecidos da cultura popular pernambucana. O rabequeiro pernambucano fundou o Piaba de Ouro e Casa da Rabeca.
Reconhecido nacionalmente e internacionalmente por sua versatilidade: músico, cantor e dançarino em brincadeiras como cavalo marinho, forró de rabeca, mamulengo, ciranda, coco e maracatu rural, para os quais também atuava como artesão, confeccionando instrumentos e indumentárias.
19ª Fenearte – Legado do Mestre Salu
A família do artista ficou emocionada com o fato da Fenearte ter sua história como tema. “É uma notícia maravilhosa. Mais do que um reconhecimento por tudo que ele fez pela cultura de Pernambuco. É uma prova de que o legado dele não permanece vivo só em nós, os filhos”, disse Maria Imaculada Salustiano, a Moca.
“Tudo o que Salu plantou continua vivo, os encontros de cavalo marinho, a associação de maracatu rural, a Casa da Rabeca, as pontes que possibilitaram que outros mestres também pudessem mostrar o que sabem ao resto do mundo. Ele foi e é muito importante para Pernambuco, e a gente agradece a homenagem e acha muito justo que ele tenha sido lembrado”, completa o cantor Maciel Salu.
Pai de 15 filhos, dez têm levado adiante a herança artística da família (Moca e Maciel, junto com Pedrinho, Dinda, Mariana, Betânia, Manoelzinho, Cleiton, Cristiano e a caçula Bia, de apenas 14 anos). “Cada um de nós tem seus próprios interesses, suas carreiras. Mas a gente concilia para continuar mantendo vivo o legado de Salu”, destaca Maciel.
“A expectativa é poder mostrar a obra de Salu em toda a sua dimensão. Temos um grande acervo de fantasias, instrumentos e fotos”, declara Moca, que é atualmente a presidente da Casa da Rabeca e a vice do maracatu Piaba de Ouro, duas das grandes conquistas do pai.
Reverência
Segundo o arquiteto Carlos Augusto Lira, que coordena a mostra, a entrada do Centro de Convenções ganhará golas gigantes de maracatu rural e enormes pés de cana-de-açúcar, em reverência ao mestre que veio da Zona da Mata.
Também deve haver um estande da família, com mostra dos produtos que até hoje são produzidos por eles, como rabecas e trajes bordados de lantejoulas. “Deve haver apresentação do Piaba de Ouro, do Cavalo Marinho Boi Matuto de Olinda, da Família Salu e dos projetos individuais dos filhos”, informa Maciel.
O mestre
Manoel Salustiano Soares, conhecido como “Mestre Salustiano” ou “Mestre Salu”. Nasceu em Aliança, na Zona da Mata Norte, em 1945.
Filho de seu João Salu, rabequeiro de mão cheia, ele ampliou o leque de atuação artística da família. Cortador de cana em vários engenhos da região, Salu migrou para o Recife aos 17 anos, sonhando em viver da sua arte. Acabou alcançando renome internacional.
Em 1965, mestre Salustiano foi agraciado com o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Pernambuco. Recebeu ainda, em 1990, o título de “reconhecido saber” concedido pelo Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco e o de comendador da Ordem do Mérito Cultural, em 2001, pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
Em 2007, recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, um reconhecimento por valorizar espetáculos populares como Cavalo Marinho e Mamulengo, Ciranda e Maracatu.
Mestre Salu tornou-se referência para a nova safra de músicos pernambucanos, um dos precursores do Mangue-beat, e seus desdobramentos. Apresentou-se em diversos países, como França, Estados Unidos, Cuba e Bolívia, e em 2001 subiu ao palco durante o Rock in Rio.
Ele faleceu aos 62 anos (agosto de 2008), por conta de problemas cardíacos causados pelo mal de Chagas (que já o tinham impedido de dançar, no início dos anos 1990, e o obrigaram a colocar um marcapasso no coração). Deixou 15 filhos. Vários de seus netos já participam das brincadeiras da família, levando as tradições do avô e do bisavô adiante.
Fenearte – PE
A maior feira de artesanato da América Latina. A 19ª edição da Fenearte será realizada de 04 a 15 de julho de 2018 no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda.
Durante os 12 dias, as mais interessantes criações artesanais do Brasil e do mundo podem ser encontradas no evento.
A Fenearte, juntamente com o Centro de Artesanato de Pernambuco, entre outras iniciativas do Governo do Estado, tem como objetivo valorizar e difundir os saberes tradicionais, estimular o potencial de crescimento dos artesãos e artesãs, funcionando como importante elemento estruturador da Cadeia Produtiva do artesanato local.
“Nesta edição, a diversidade cultural do nosso povo será retratada pelo nosso homenageado, que deixou um legado de riquezas em todas as artes: O saudoso Mestre Salu. Um artista que tem tudo a ver com nossa terra, autoridade da nossa cultura popular, um dos precursores do Mangue-beat e referência das manifestações musicais e culturais de Pernambuco. Coco, ciranda, maracatu, cavalo-marinho, caboclinho, mamulengo, nas suas mãos, tudo virava arte e música.” (Facebook – 19ª Fenearte)
No evento, o público pode conferir:
• Fenearte Sustentável
• Espaço Interferência Janete Costa
• Espaço Sebrae de Artesanato
• Alameda dos Mestres
• Salão de Arte Popular Ana Holanda
• Salão de Arte Popular Religiosa de Pernambuco
• Galeria de Reciclados
• Espaço Infantil
• Oficinas de Artesanato
• Desfiles de Moda
• Rodadas de Negócios
• Praça de Alimentação
• Apresentações Culturais
• Food Park e Food Bike
Texto originalmente publicado na Folha de Pernambuco, livremente atualizado, adaptado e reescrito por Josy Gomes Murta, da Redação do Conexão Boas Notícias.