Grafiteiros cobrem símbolos nazistas com cores e criatividade em Berlim
Na parede, uma flor sorri, a menina corre, um mosquito abre as asas para o voo. Os desenhos nas paredes de Berlim escondem o símbolo negativo que marcou a Alemanha dos anos de 1939 a 1945.
A arte colorida que cobre as suásticas nazistas pelas ruas da cidade é obra de um grupo de grafiteiros. A ideia surgiu quando um cliente comprou latas de spray na loja dirigida pelo artista Ibo Omari. O comprador tinha como objetivo transformar uma enorme bandeira com o símbolo em uma imagem de mosquito.
De 2015 até agora, os grafiteiros do projeto intitulado PaintBack, já cobriram mais de 50 suásticas. “Nós, como artistas da rua, queríamos enviar a mensagem ‘você está usando o grafite de forma abusiva’. Grafite não tem nada a ver com racismo, é algo que procura levar cores brilhantes a fundos diversos”, diz Ibo Omari.
A iniciativa busca sensibilizar os adolescentes e os moradores da região. “Era importante estimular os jovens a agir e encorajá-los a assumir a responsabilidade para que eles não passassem ignorantemente por esses símbolos de ódio”, conta o artista.
Além de Berlim, cidades alemãs como Hamburgo, Kiel e Bremen também adotaram a iniciativa. A proposta é incentivar a busca por esses símbolos e em seguida os reconfigurar com pinturas criativas.
Com o crescimento do sentimento de direita nos últimos anos, os artistas encontraram no humor e no amor a resposta adequada para responder aos perigos desse cenário. “Nós escolhemos imagens doces e atrevidas, a maioria delas desenhadas por crianças, para que mesmo os iniciantes, que não são artistas de grafite, possam reproduzi-las”, destaca Ibo Omari.
Klemens Reichelt é um dos jovens do projeto. Para ele é fácil ter novas ideias para colocar no lugar dos símbolos. “Acho que as suásticas não fazem parte de Berlim. Ela é uma cidade aberta ao mundo e quero defender isso”, afirma.
Hoje, coelhos, pássaros, flores, cubos de Rubik e muitos outros desenhos pintados nas paredes alemãs também são uma forma de resistência e de combater o preconceito e a discriminação.
Com informações: O Globo / Catraca Livre / Carta Capital / The Culture Trip