Íracles Pires: um teatro com nome de dama no sertão paraibano
Por trás das cortinas vermelhas, a expectativa. Nas poltronas, os que aguardam para assistir ao espetáculo carregam a mesma ansiedade. As paredes alvas e o chão intacto é o de quem renova-se ao sol de Cajazeiras, no Sertão Paraibano e respira a arte. Em 1985 o Teatro Íracles Pires é criado e em 2018, ampliado e devolvido ao público e artistas.
Batizado com o nome da atriz, diretora teatral, radialista, animadora e gestora cultural Íracles Pires, o teatro que homenageia dona Ica é o mais antigo da região. Já foi palco de festivais de poesia, espetáculos, semanas universitárias, eventos cívicos e históricos.
Íracles Pires faleceu em 9 de março de 1979 em um acidente automobilístico na cidade de Jequié, na Bahia, mas deixou como herança o legado cultural no estado da Paraíba, em especial em Cajazeiras onde foram criados grupos como Os Romeiros do Futuro, o Teatro de Amadores de Cajazeiras (TAC), a Moderna Equipe de Teatro Amador de Cajazeiras (Metac), Grupo Boiada, Grupo de Teatro Amador de Cajazeiras (Grutac) e o Grupo Terra.
Ao longo da carreira, montou espetáculos como ‘O Noviço’, ‘Afilhada de Nossa Senhora da Conceição’, ‘O Piquenique do Tigre’, ‘Dona Xepa’, ‘A Dama do Camarote’ e ‘Fui eu… Mas não espalhe’. Além disso, atuou na radiofonia paraibana com a “Mini Discoteca Dinamite”, programa diário e de grande audiência.
Na noite de reinauguração do teatro, na quinta-feira (8), o público lotou o espaço. “Este teatro representa a retomada de um equipamento cultural importantíssimo. O Íracles Pires vai fomentar a produção local e já se coloca em um padrão nacional, podendo receber qualquer espetáculo”, destacou o secretário de Estado da Cultura, Lau Siqueira.
A família da diretora também participou da solenidade. “Estou muito emocionada, nesta noite especial. Quero agradecer por esta reforma linda, agora este local é uma casa de espetáculo digna de dar continuidade ao trabalho da minha mãe que tanto lutou pela valorização da cultura paraibana”, comentou Jane Pires, a filha de Íracles Pires.
Foram R$ 5 milhões de investidos em obras estruturais e elétricas. A capacidade de público do teatro também foi ampliada de 176 para 240 lugares. Ainda foi criado no local uma painel inspirado nas formas geométricas e coloridas do cubismo e instalado uma tela do artista plástico e escultor Wilson Figueiredo que retrata Íracles Pires.
Para Osvaldo Moésia, diretor do ICA, a nova estrutura da casa coloca o ICA entre os maiores do interior do Nordeste. “Não deixa a desejar a nenhum teatro do interior nem da capital. É um teatro de ponta mesmo”, observou ele.
Com informações: Secom-PB / Correio das Artes / A União