Italianos, o povo mais magro do Ocidente. Na terra das pizzas e gelatos, como isso é possível?
Basta pensar na famosa frase de Sophia Loren: “Tudo o que você vê em mim eu devo ao espaguete”.
Não é fácil falar da Itália sem o imaginário das massas frescas, pizzas, gelatos, lasanhas afamadas no mundo inteiro. A presença das “mamas” rechonchudas na cozinha com um avental branco, obviamente dá a entender que o país das massas e vinhos maravilhosos, é um país de obesos. No entanto, os italianos são magros e muito saudáveis.
A Itália é o terceiro país que apresenta a menor taxa de obesidade do mundo, e perde apenas para os orientais Coreia do Sul e Japão.
Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a taxa é de 9,8%, muito diferente da taxa dos Estados Unidos, onde 38,2% da população é obesa. No Brasil, mais da metade dos adultos (54,1%) estão com sobrepeso, sendo 20% deles obesos.
Mas parece uma ironia do destino. No entanto, algumas das comidas preferidas dos americanos e brasileiros, são pizza e massas.
Como explicar: Italianos, o povo mais magro do Ocidente. Na terra das pizzas e gelatos? Os que replicam as suas receitas e acabam por não ter o mesmo destino, como isso é possível?
Inicialmente, as pizzas que tanto conhecemos e gostamos de apreciar, não têm nada a ver com a tradicional, pizza italiana, está mais para a pizza americana. Com bordas recheadas, tamanho gigante, muito recheio processado e massa bem grossa. As pizzas brasileiras muito calóricas, enquanto na Europa, a pizza é mais “delicada”, com massa fina, recheios moderados e frescos.
Os alimentos frescos, são um dos motivos que ajudam a manter as silhuetas dos italianos. A regra máxima de uma “famiglia tradizionale” é comprar alimentos naturais, frescos, diretos de produtores em feiras a céu aberto ou em mercados. Em qualquer cidade da Itália, não é difícil encontrar um mercado de produtores locais.
“Apesar da cozinha italiana ser reconhecida no exterior por seus pratos bem calóricos, nossa dieta tradicional é a Mediterrânea (rica em frutas e vegetais)”, esclarece a jornalista especializada em alimentação e comida do HuffPost Itália, Silvia Renda.
“Nosso país é dono de uma das mais ricas e prósperas agriculturas de toda a Europa, e em nossa mesa sempre há espaço para produtos locais. Não apenas comprados em supermercados, mas comprados diretamente de produtores.”
Habitualmente as comidas congeladas nos restaurantes italianos só podem ser servidas se forem informadas previamente a seus clientes.
Recentemente a Suprema Corte italiana decidiu que os restaurantes deverão especificar no menu quais de seus produtos são conservados no congelador, sob multa de 2 mil euros, e nos casos mais graves, prisão.
Os italianos não só preocupam-se com a qualidade dos alimentos, como também pela qualidade de tempo, diferentemente de outras culturas ocidentais, que com a correria do dia a dia acabam pulando refeições ou recorrem aos fast-food ou snack, eles reservam o horário de almoço para sentar em uma mesa, apreciar o momento, comer com calma.
Algumas cidades italianas também fazem a “siesta” e fecham qualquer estabelecimento, até as igrejas, para ter uma ou duas horas de descanso depois da refeição.
Quem não conhece os costumes dessa gente, pode até pensar que tanto tempo serve para comer muito. Mas, contrariamente do que se possa imaginar, eles param de comer quando estão satisfeitos e as porções não são enormes como as do Brasil.
Muitas pessoas na Itália também não estão preocupadas com as calorias que consomem, muito menos são consumidores assíduos de produtos diet e light. Para os italianos, o grande aliado de uma dieta saudável é a moderação.
Elizabeth Minchilli, americana que vive em Roma e autora do livro Eating Rome Living the Good Life in The Eternal City (“Comendo em Roma: Levando uma Vida Saudável na Cidade Eterna”, em tradução livre), diz: “Sim, eu como macarrão todos os dias. E, às vezes, como massa na entrada e, depois, ainda como uma carne no prato principal”.
Ela conta o segredo ao Los Angeles Times: “A massa que todos nós comemos vem em uma controlada porção. Quando o assunto é comer macarrão, italianos são bem conscientes. E aqui está uma simples fórmula a seguir: 100 gramas ou menos de massa por pessoa. Essa é uma porção que você nunca verá em um restaurante nos Estados Unidos”.
Junto com as porções moderadas, eles também consomem muitos vegetais, mais carnes brancas do que vermelhas, como frango e peru, e boas gorduras, como azeite de oliva extra virgem.
Eles priorizam alimentos mais naturais (sem conservantes, nem agrotóxicos) em grande variedade em todas as estações do ano.
“Os italianos preferem alimentos orgânicos e a dieta varia com as estações do ano, focando nos produtos sazonais”, comenta a italiana Silvia Renda, jornalista especializada em alimentação e comida do HuffPost Itália.
Renda diz ainda, que nos últimos anos, cresceu a curiosidade por comidas mais exóticas e novos sabores. “Há interesse em experimentar novos alimentos artesanais, em vez de comidas pré-preparadas.”
Ativos e conscientes
Além de manter uma alimentação balanceada e preferir produtos frescos e comidas feitas em casa, os italianos também levam uma vida ativa.
Quem já visitou a Itália, com certeza sabe que é muito comum as pessoas preferirem o caminhar e andar de bicicleta. No dia a dia vê-se pessoas indo para o trabalho a pé, caminhando até o supermercado, padaria, entre outros lugares, faz parte de suas rotinas.
De acordo com um estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, com dados dos celulares da população mundial, a pesquisa mediu a média do número de passos dos diferentes países, e a Itália aparece em 13º lugar entre os países mais ativos do mundo, com 5.296 passos por pessoa.
Com informações: Huffpost Brasil / Yahoo