Joênia Wapichana: 1ª mulher indígena eleita deputada federal

A advogada Joenia Wapichana, de 43 anos, declarou que tem uma missão: “Todos têm uma missão na vida. A minha é defender os direitos coletivos indígenas.” (Instagram, 6 de outubro de 2018).

A advogada agora vai poder realizar este sonho como deputada federal. Ela recebeu mais de 8 mil votos, e foi eleita a primeira mulher indígena a ocupar o cargo em 194 anos de história da Casa.

“Wapichana”

O apelido “Wapichana” representa sua origem e a cultura de seu povo que tem cerca de 13 mil pessoas que vivem no vale do rio Tacutu, região de serras mais a leste de Roraima. Esta é a segunda vez que um indígena chega à Câmara dos Deputados. O primeiro foi Mário Juruna, pelo PDT, em 1982. 

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“Eu serei a voz dos índios na mais alta Corte do Brasil.”

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Foto: Reprodução

Joenia Wapichanaela foi a primeira mulher indígena a se tornar advogada no Brasil. Para levar seu ativismo a outros patamares, ela escolheu o campo do direito para estudar. Em 1997, ela concluiu seus estudos na Universidade Federal de Roraima (UFRR). Hoje, ela é mestre pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

Bancada feminina

A bancada feminina no Congresso Nacional cresceu nestas eleições. Na Câmara dos Deputados, foram eleitas 77 parlamentares do total de 513, de acordo com dados finais da Justiça Eleitoral, e Joênia está entre elas. Em 2014, eram 51.

No Senado, 7 representantes femininas tiveram vitória nas urnas. É o mesmo número de eleitas em 2010, última eleição para duas vagas na Casa. Em 2014, onde cada estado tinha uma vaga na disputa, outras 5 ganharam o pleito.

Foto: Reprodução

Joenia, “advoga em causa própria” a maior parte do tempo. Desde 1999, trabalha como coordenadora do departamento jurídico do Conselho Indígena de Roraima (CIR).

“Meu trabalho eu faço por amor, porque minha família e meu povo precisa disso. Estou defendendo uma terra que é minha, para a qual pretendo voltar depois desse tempo na cidade”, declarou. 

Ser índio é orgulho
Foto: Reprodução

Wapichana vem de uma família de 8 irmãos, e a maior parte, inclusive seu pai, ainda vive na tribo. Ela mora na capital, Boa Vista, com o marido, e é de mãe de Jackson e Cristina. Joênia afirma que tenta manter as tradições dentro de casa e, inclusive, ensinar a seus filhos sua língua nativa, para que eles não esqueçam de onde vieram, e o que ainda podem conquistar.

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“Eu mostrei a ela [Cristina] que ser índio é orgulho, que não precisamos esconder nossa identidade nem nossa honra”, diz

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Em 2008, a advogada não contou para os pais que falaria diante da mais alta corte brasileira em defesa de seu povo. “Minha mãe tem medo quando eu venho a Brasília, fica doente porque acha que tem muita gente me querendo mal. Então eu não contei para ela não se preocupar”, disse à época. Porém, seus filhos e o marido sabiam desde o começo que ela defenderia perante um País inteiro a permanência da terra com os índios”.

Foto: Reprodução

Para que seu nome fosse escolhido como candidata a deputada federal houve uma assembleia geral dos povos indígena de Roraima, e um financiamento coletivo foi realizado. Até o final do período de doações, 11 pessoas contribuíram e R$ 2.520 reais foram arrecadados. A meta era R$ 30 mil. Joênia é filiada à Rede Sustentabilidade, partido fundado por Marina Silva, e faz parte do movimento RenovaBR, que impulsiona candidaturas para renovar o quadro de políticos no Brasil.

Hoje, 10 anos depois de falar pela primeira vez na corte mais alta do Brasil, não só sua família, mas um País inteiro está sabendo que há uma mulher que defenderá os direitos coletivos indígenas, o desenvolvimento sustentável de Roraima, que é contra a corrupção, a favor da transparência, ética e pela defesa da participação popular.

Indígenas nas universidades

De acordo com a Funai, de 2008 até hoje, o número de ingressantes e concluintes indígenas nas universidades públicas e privadas do país aumentou significativamente entre 2016 e 2015. Os mais recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apontam que o número de alunos ingressantes cresceu 52,5% e o de concluintes, 32,18%.


Com informações: Huffpost Brasil

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