Jovem cientista cria repelente a partir de palmeira do Cerrado

Utilizando espécie típica do Cerrado, o jovem cientista desenvolveu com esse repelente uma barata solução para se livrar dos insetos. Inovação deu-lhe bolsa de estudos para estudar no exterior


O CO2 e o ácido lático são substâncias expelidas pela pele humana que atraem as picadas de mosquitos. O passo seguinte é coceira e vermelhidão. Apesar da experiência não ser nada agradável, há situações piores: insetos podem causar alergias e até mesmo transmitir doenças, especialmente para quem vive na zona rural. Buscando uma solução eficaz e de baixo custo, o então estudante do ensino médio Gustavo Botega Serra desenvolveu um repelente natural usando tucum-mirim (Astrocaryum acaule Mart.), fruto típico do Cerrado.

Sendo do Maranhão, Gustavo já sabia que o fruto era usado na prevenção e no tratamento contra picada de insetos. Logo, seu trabalho consistiu em analisar os mecanismos bioquímicos e fisiológicos do óleo da polpa e da amêndoa do tucum-mirim sobre a presença de compostos bioativos, ação repelente e cicatricial contra picadas de insetos.

Testes in vitro

Os frutos foram coletados em um sítio no Tocantins e o projeto foi desenvolvido no laboratório da Uemasul (Universidade Estadual da Região Tocantins do Maranhão). Os testes in vitro confirmaram que o óleo da polpa diminui a vermelhidão das picadas de insetos em até 20%, em 3 horas, e 100%, após 36 horas. Já o óleo da amêndoa dissolveu 100% da vermelhidão de picadas de vespas, carrapatos e pernilongos, em 12 horas.

“A pesquisa concluiu que o óleo de tucum-mirim é altamente eficaz na prevenção e tratamento de picadas de insetos, uma situação que assola bastante a sociedade, principalmente na zona rural maranhense. O projeto conseguiu provar a eficácia, principalmente com relação ao repelente do óleo, feito a partir da amêndoa”, ressalta Gustavo.

Para o jovem cientista, os resultados podem contribuir para “direcionar medidas dos programas estabelecidos acerca da vigilância em saúde, principalmente diante do cenário de patologias ocasionados por artrópodes no qual o Brasil se encontra”, afirma ele em seu trabalho intitulado “Óleo de Tucum Mirim: avaliação de seu potencial como repelente veiculado a um modelo experimental in vitro” – confira a publicação.

Jovem teve reconhecimento em diversas premiações. | Foto: reprodução | Divulgação | Conexão Boas Notícias

O desenvolvimento do repelente com fruto do cerrado foi possível graças ao Cientista Aprendiz: um programa de pré-iniciação científica para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio da Uemasul.

Premiação

Desde o desenvolvimento do projeto, em 2021, o estudante teve seu trabalho reconhecido nacional e internacionalmente. Já foi um dos vencedores do Mostratec Virtual, foi selecionado para participar do maior evento científico do mundo, em Atlanta, além de ter sido um grande destaque na 21° edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), neste ano, conquistando seis prêmios: 1° Lugar em Inovação, Projeto Destaque da Federação, 1° Lugar em Ciências Biológicas, Publicação de Artigo no ScientiaPrima.

Ainda na Febrace, que é a principal mostra nacional pré-universitária de projetos de ciências e engenharia, Gustavo ganhou uma bolsa para ir à Escola de Verão do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel, e uma credencial para a Regeneron ISEF 2023 – a maior feira de ciências do mundo.

“Poder trabalhar em um dos melhores institutos de ciência do mundo, com profissionais fantásticos e em um país de referência no meio científico como Israel, é um sonho para qualquer jovem cientista”, conclui.


Com informações:  CicloVivo / Brasil Amazônia Agora

 Edição: Josy Gomes Murta


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