Médica brasileira que estuda o câncer entra para lista de cientistas mais influentes do mundo
A médica, professora e pesquisadora Angelita Habr-Gama, 89 anos, foi reconhecida pela prestigiada Universidade de Stanford, nos EUA, como uma das cientistas mais influentes do mundo.
Segundo a instituição, a Dra. Angelita, que também é premiadíssima em nosso país, ‘contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento da ciência a nível global’.
O reconhecimento da Universidade de Stanford foi feito através de uma lista que representa os 2% de cientistas mais citados em todas as áreas do conhecimento – isto é, a nata da elite científica mundial.
De acordo com o jornal Estado de São Paulo, o relatório foi feito em parceria com a Editora Elsevier BV e preparado por uma equipe de especialistas liderada pelo professor John Ioannidis, professor eminente da Universidade de Stanford.
“Esse reconhecimento é um estímulo para os médicos e cientistas brasileiros, um estímulo para progressão na carreira de outras pesquisadoras”, disse Angelita ao Estadão. Ela mantém a expectativa de que reconhecimentos como este sirvam de inspiração para outros cientistas trilharem caminhos parecidos, o que não é fácil.
“É claro que tudo isso exigiu muito esforço, muito estudo e muita dedicação, mas a gente chega lá”, disse a médica, que ainda hoje atua no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Fico muito honrada e muito satisfeita com o reconhecimento”, completou.
Trajetória
Angelita é referência mundial em coloproctologia (área que estuda as doenças do intestino grosso, do reto e ânus), tendo traçado uma carreira de sucesso na Medicina.
Ela entrou para a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em 1952, aos 19 anos. Ao longo dos anos, alcançou o topo da carreira na docência como professora titular de cirurgia e por uma formação pautada na excelência no ensino, na pesquisa e na extensão.
Pioneira, a doutora foi a primeira mulher residente de cirurgia do Hospital das Clínicas (HC) e anos mais tarde criou a disciplina de Coloproctologia na unidade. Também foi a primeira mulher a chefiar os departamentos de Cirurgia e Gastroenterologia da FMUSP.
Nestas décadas dedicadas à Medicina, Angelita publicou centenas de trabalhos científicos, ganhou mais de 50 prêmios nacionais e internacionais, foi nomeada coordenadora no Brasil do Programa de Prevenção do Câncer Colorretal pela Organização Mundial de Gastroenterologia (OMGE) e fundou a Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (Abrapreci).
Ela também preside inúmeras sociedades científicas, é membro honorária no centenário American College of Surgeons, é a primeira mulher a integrar o seleto grupo de 17 Membros Honorários da European Surgical Association e foi reconhecida pela revista Forbes como uma das mulheres mais influentes do Brasil.
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“A gente tem que ser o melhor possível até no mínimo que fazemos“, diz Angelita, parafraseando um poema de Fernando Pessoa.
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“Tive a sorte e a oportunidade, trabalhando muito, de ser reconhecida. E eu recebo essa classificação como uma homenagem para o país todo, particularmente para as mulheres. As mulheres têm que estar em igualdade de condições e competência e podem também chegar ao mesmo status que os colegas do sexo masculino”, disse ela ao g1.
Aos 89 anos, a médica acredita que ainda há muito o que ensinar e aprender na sua prática da medicina e se diz cheia de esperança com as futuras gerações de médicos, cientistas e pesquisadores.
“Temos muito entusiasmo na divulgação dos nossos conhecimentos para os jovens. A geração que segue a nossa promete muito. É muito comprometida e de muita responsabilidade”, completou.
Com informações: Estadão
Edição: Josy Gomes Murta
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