Museu abriga maior acervo de xilogravura do Brasil
Um pedaço plano de madeira é talhado. No relevo forma-se um desenho. Mas arte ainda não está completa. A tinta preta cobre a matéria. Como mágica a impressão faz surgir a xilogravura. As imagens ilustram as histórias de literatura de cordel, livros, jornais, revistas, quadros e até transformam-se em estampa de roupas.
Há quase 30 anos um museu em Campos do Jordão, no estado de São Paulo, abriga um acervo delas. Na Casa da Xilogravura são mais de 500 obras, de mais de mil artistas em exposição.
No prédio há trabalhos de autoria de Lívio Abramo, Oswaldo Goeldi, Maria Bonomi, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, entre outros.
A casa é uma viagem pelas origens e as diferentes funções da xilogravura. “Este aqui por isso é o único museu no Brasil que a pessoa quando vem fazer uma visita, qualquer dia que seja, irá conhecer a história da ‘xilo’ no país nas paredes através da próprias obras originais”, destacou Antonio Costella.
Aposentados, Costella e a esposa, Leda, passam a maior parte do tempo dedicados ao museu. O ex-professor da USP gosta de fazer o papel de guia e de mostrar ao público desde a criação até a evolução da xilografia.
A riqueza do acervo
Há obras de artistas do Brasil, Alemanha, Suíça, França, Espanha, Portugal, Itália, Inglaterra, Espanha, República do Sudão, China, Japão, Estados Unidos, Argentina, Peru, entre outros lugares do mundo. A gravura preferida de Costella data de 1981. É uma paisagem bucólica típica de montanhas do sul daquele país. A autoria é de um artista chinês pouco conhecido.
Das mãos do xilógrafo alemão Andreas Kramer veio uma das preciosidades do museu, o livro “Metrópolis”. A coletânea organizada em 2016 reúne gravuras originais de 303 artistas. “Só existem três unidades dessa coleção no mundo, e uma está aqui”, revelou Costella.
A Casa da Xilogravura também possui uma coleção destinada ao público infanto-juvenil compostas por paisagens vistas através de um olhar animal. A coletânea “Patas” nasceu a partir de uma viagem feita pelo professor à Europa no início dos anos de 1990, acompanhado do seu cão Chiquinho. A ideia deu origem a um livro. A obra ajudou na expansão da infraestrutura e no acervo do museu.
Ganhar dinheiro com a Casa nunca foi o objetivo de Antonio e Leda. O espaço, desde sua criação, é mantido de forma independente. Os recursos para manutenção da Casa da Xilogravura vêm dos ingressos pagos pelos visitantes e da Editora Mantiqueira criada por Costella.
Tanto o acervo quanto o imóvel foram doados em testamento à USP. As condições impostas pelo fundador são de que o local seja mantido em funcionamento e que o túmulo do cão Chiquinho no jardim também fosse preservado.
Concurso comemorativo
No próximo dia 17 de julho a Casa da Xilografura completa 30 anos de fundação. Um dos destaques da celebração é o projeto de incentivo às artes que busca traçar um panorama dos xilógrafos que atuam no Brasil.
Os artistas interessados devem enviar dados como nome, currículo, endereço, e-mail e também duas xilogravuras de sua autoria. Os participantes concorrem a prêmios e todos os inscritos integrarão uma exposição comemorativa do museu, além de ter nome e obras incluídos em um catálogo.
Serviço
Horário de funcionamento: Aberto de segunda-feira a quinta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h. Fechado nas terças e quartas
Entrada: R$ 6,00 (Idosos, professores e estudantes com carteirinha pagam meia entrada). Grátis para menores de 12 anos e grupos previamente agendados de escolas gratuitas.
Endereço: Avenida Eduardo Moreira da Cruz, nº 295 – Vila Jaguaribe
Contato:
Telefone: (12) 3662-1832
Site: www.casadaxilogravura.com.br
E-mail: contato@casadaxilogravura.com.br
Currículos e/ou xilogravuras enviados por correio, com registro, para: Museu Casa da Xilogravura – Caixa Postal 42 – CEP 12460-000 – Campos do Jordão – SP.
Com informações: Jornal da USP / Folha de São Paulo / Casa da Xilogravura / Campos do Jordão WebTV