Nasa abrirá Estação Espacial Internacional para turistas em 2020
A Nasa anunciou nesta sexta-feira (7) que irá autorizar, a partir do ano que vem e mediante pagamento, o uso da Estação Espacial Internacional (ISS) para turistas e empresas.
O objetivo da medida é conseguir financiamento. “A Nasa abre a Estação Espacial Internacional para oportunidades comerciais”, anunciou em Nova York o diretor financeiro da agência espacial americana, Jeff DeWit.
De acordo com o diretor-adjunto da estação, Robyn Gatens, “a Nasa vai autorizar duas missões curtas de astronautas privados por ano”. As missões vão durar até 30 dias, afirmou a agência. Potencialmente, até 12 astronautas privados poderão visitar a estação a cada ano, mas sem fazer saídas espaciais.
A agência indicou que os visitantes poderão ser de qualquer nacionalidade. Estes “astronautas privados” serão transportados pelas duas companhias que estão desenvolvendo veículos para a Nasa: SpaceX, com a cápsula Crew Dragon, e a Boeing, que constrói a Starliner.
Estas empresas vão escolher os turistas e cobrar a viagem, que será a parte mais cara da aventura: cerca de 58 milhões de dólares. Este valor é quase igual ao que a Nasa pagará a ambas as companhias pelo transporte de seus astronautas.
A questão é que nem a Dragon nem a Starliner estão prontas ainda. Em teoria, as cápsulas devem estar operativas no fim de 2019, mas isso depende do sucesso de vários testes.
Os turistas pagarão à Nasa pela estada em órbita, comida, água e todo o sistema de suporte vital a bordo. “Custará cerca de 35.000 dólares por noite e por astronauta”, completou DeWit.
A ISS não é exclusiva da Nasa. O projeto foi iniciado junto com a Rússia em 1998, e outros países participam e também enviam astronautas. Os Estados Unidos têm e controlam a maioria dos módulos.
Estes turistas espaciais não serão os primeiros. O empresário americano Dennis Tito esteve na estação em 2001, após pagar cerca de 20 milhões de dólares à Rússia.
Desde então, outros milionários estiveram na estação, como o canadense Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, em 2009.
As naves rusas Soyuz são, desde 2011, o único meio de transporte de humanos para a ISS, onde há permanentemente entre três e seis tripulantes a bordo. Atualmente é habitado por três americanos, dois russos e um canadense.
A Rússia planeja voltar a organizar voos turísticos no fim de 2021.
A mudança de política anunciada nesta sexta inclui a abertura de partes da estação propriedade dos Estados Unidos a empresas privadas para realizar “atividades comerciais e de marketing”.
Isto inclui empresas que desenvolvem materiais na microgravidade, por exemplo. As fibras ópticas têm qualidade inigualável quando são fabricadas sem os efeitos da gravidade.
A Nasa lançou um primeiro gráfico de preços nesta sexta, baseada em um relação por quilograma de carga. A ideia da agência é desenvolver uma economia espacial com a esperança de que um dia o setor privado sustente economicamente a ISS, já que os Estados Unidos deveriam parar de financiá-la no fim de 2020.
“Queremos nos transformar em inquilinos, não em proprietários de moradias”, disse em abril o administrador da Nasa, Jim Bridenstine.
A agência espacial quer liberar carga financeira para se concentrar na missão Ártemis, com a qual a agência pretende voltar à Lua em 2024, e, sobretudo, em sua ideia de enviar os primeiros humanos a Marte, talvez na próxima década. Mas a rentabilidade das atividades comerciais na órbita da Terra está por ser demonstrada, devido ao custo do transporte, que continua sendo muito alto.
Com informações: Uol / EFE