Nova York expõe obras de artistas do concretismo brasileiro
Uma ideia de arte subjetiva e um espaço de criação artística. Entre 1954 e 1957, o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro viveu sob o propósito do artista plástico Ivan Serpa. O local era endereço de suas aulas de pintura livre. Deste trabalho surgiu o Grupo Frente, expoente do movimento neoconcreto brasileiro daquele período.
Em Nova York, 30 obras do movimento artístico dos anos de 1950 atraem os olhares do público norte-americano. A Galeria Lelong expõe trabalhos de artistas como Ivan Serpa e alguns de seus alunos e colaboradores como Hélio Oiticica, Lygia Pape, Lygia Clark, Aluísio Carvão, Abraham Palatnik, Décio Vieira, entre outros.
Essa é a primeira exposição nos Estados Unidos dedicada exclusivamente ao Grupo Frente. “O Brasil nos anos 50 era um lugar de experimentações criativas extremamente fértil, seja na arquitetura, literatura, cinema, música e também nas artes plásticas”, afirmou Mary Sabbatino, vice-presidente da galeria.
Segundo Mary Sabbatino, o que tornava o Grupo Frente único era a maneira como os artistas se uniram para criar, e a influência que isso teve depois em cada uma das práticas individuais. “Quando olhamos hoje para os trabalhos do Grupo Frente vemos que são incrivelmente modernos”, comentou.
Obras de diversos tamanhos compõem a exposição. Os trabalhos trazem o abstracionismo geométrico, ora com tonalidade de cores, ora com traços únicos, com destaque para as formas. Resultam do uso de de técnicas e materiais como papelão, madeira, colagem, grafite, nanquim, entre outros.
“O Grupo Frente foi a semente do neoconcretismo, que surgiu como um contraponto dos artistas cariocas ao concretismo de São Paulo, mais baseado na disciplina rígida da Bauhaus (escola alemã de vanguarda)”, explicou César Oiticica.
Nos anos de 1950, Oiticica ainda era adolescente. Foi um dos mais novos do grupo, junto com seu irmão Hélio. O pintor e arquiteto tem dois de seus desenhos em exposição.
Ivan Serpa levava para as suas aulas exercícios de liberdade artística e incentivo à análise crítica em grupo. A partir do método do carioca, importantes personalidades das artes plásticas surgiram na cena brasileira. Esses pintores, desenhistas e escultores que influenciaram as gerações seguintes.
A exposição na Galeria Lelong estreou no dia 22 de junho e segue até 5 de agosto. Desde 1993 a casa recebe obras de artistas brasileiros como Jac Leirner, Tunga, Waltercio Caldas, Cildo Meirelles e Valeska Soares.
Em Nova York, há exposições abertas com obras brasileiros como Lygia Clark, no Museu de Arte Moderna (MoMA) e na Galeria Luhring Augustine, assim como de Lygia Pape, no Met Breuer, que faz parte do Museu Metropolitano de Arte. Em julho, o Museu de Arte Americana Whitney estreia uma exposição com trabalhos de Hélio Oiticica.
Obras dos concretistas do Grupo Frente
Com informações: Metrópoles / O Globo / Galerie Lelong