Ônibus movido a hidrogênio está pronto para circular no Brasil
Ar sem poluentes. Avenidas silenciosas. Viagens sem solavancos. Transporte coletivo sustentável. A imagem do futuro já é uma possibilidade. O ônibus movido a eletricidade e hidrogênio está pronto para uso no Brasil.
Na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos Rio 2016 eram eles que transportavam as delegações para os locais de disputa.
O projeto do ônibus é do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Os testes com o ônibus foram iniciados em 2012. Desde então, já foram 8 mil quilômetros rodados, 30 mil passageiros transportados e cerca de R$ 10 milhões investidos. “O veículo é aquele que tem a melhor eficiência energética dentre os dados já reportados de desenvolvimento de ônibus desse tipo”, destacou o professor Paulo Emílio de Miranda, coordenador do Laboratório de Hidrogênio da Coppe.
Tecnologia nacional
Diferente de outros veículos similares que já circulam na Europa, as pilhas a combustível utilizadas no Ônibus Brasileiro podem ser abastecidas tanto com hidrogênio como por meio da rede elétrica comum.
O ônibus carrega 15kg de hidrogênio em dois cilindros. Segundo os pesquisadores, o veículo tem a autonomia para percorrer 330 quilômetros, disponibilidade de mais de 90% e consumo de 6,7 kg de hidrogênio a cada 100 km, mesmo com o ar condicionado ligado.
A tecnologia aplicada é totalmente nacional. O país já havia desenvolvido um veículo parecido, porém com tecnologia alemã. O trabalho foi realizado por engenheiros brasileiros, dentro da universidade, em parceria com as empresas Furnas e Tracel.
Futuro sustentável
O ônibus brasileiro é uma das alternativas para promover o hidrogênio como fonte de energia limpa. O projeto é reconhecido fora do país e já coleciona prêmios internacionais.
“Vivemos uma era da eletrificação do transporte. Mais e mais vamos ver notícias sobre veículos elétricos, dos mais diferentes tipos, com ônibus, embarcações, caminhões e automóveis”, constatou o professor Paulo Emílio de Miranda.
Mesmo parado para embarque e desembarque, e em semáforos, o ônibus produz energia. Isso ocorre devido ao sistema híbrido que combina célula a combustível a hidrogênio e baterias. É possível abastecer as baterias com a carga energética produzida pela célula e ainda aproveitar a energia de frenagem por regeneração.
Com manutenção, equipamento e consumo, o ônibus tem um custo de US$ 2,61 por quilômetros. Para que o projeto possa evoluir é necessário consolidar as inovações realizadas, através de uma frota pioneira, novos testes de longa duração e capacitação tecnológica.
A entrada no mercado do Ônibus Brasileiro a Hidrogênio depende agora do reconhecimento de um parceiro privado e do envolvimento da indústria do transporte. Com a criação comercial em escala, os custos seriam cada vez mais reduzidos.
Novos projetos
O trabalho dos engenheiros continua em outros desdobramentos. Também estão sendo desenvolvidos um ônibus híbrido movido a etanol e elétrico e um totalmente elétrico.
Em fase de testes, o ônibus 100% elétrico poderá ser usado especialmente para o transporte escolar. Durante esse período serão verificados aspectos como capacitação, custo, aplicabilidade, período de manutenção e de carga.
O projeto será apresentado no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, mas já recebe sinalizações positivas da FNDE, segundo Jacinto Pimentel, coordenador do projeto. “O objetivo é que se torne um padrão de uso de ônibus escolar em ambiente urbano brasileiro”, acrescentou o professor Paulo Emílio de Miranda.
Outra novidade é a criação da Associação Brasileira do Hidrogênio, que será presidida pelo professor Paulo Emílio de Miranda. O novo espaço terá como função organizar bancos de dados com informações sobre o insumo e integrar a Associação Internacional para a Energia do Hidrogênio. Em 2018, conferência mundial da área será realizada no Brasil.
A Coppe também é responsável pelo Maglev-Cobra, trem de levitação magnética. Compacto e leve, é movido a energia elétrica, não emite gases de efeito estufa e pode chegar a 100 km por hora. Esse é o primeiro trem urbano de levitação magnética do Hemisfério Sul. O projeto também aguarda a intervenção de investidores para funcionar em escala comercial.
Com informações: EngenhariaE / Diário do Transporte / Ministério de Minas e Energia / Correio Braziliense / O Globo