ONU: países prometem se guiar por legado de Nelson Mandela
A Assembleia Geral das Nações Unidas homenageou nesta segunda-feira (24) Nelson Mandela com a promessa de construir um mundo justo, pacífico e próspero, bem como reviver os valores pelos quais o ex-presidente sul-africano e ativista anti-apartheid se posicionou.
Na Cúpula da Paz de Nelson Mandela, realizada em Nova York, os Estados-membros adotaram a primeira resolução da 73ª sessão da Assembleia Geral, “comprometendo-se a demonstrar respeito mútuo, tolerância, compreensão e reconciliação em suas relações”.
Além das palavras
“Resolvemos ir além das palavras na promoção de sociedades pacíficas, justas, inclusivas e não discriminatórias, ressaltando a importância da participação igualitária e do pleno envolvimento das mulheres e da participação significativa da juventude em todos os esforços para a manutenção e promoção da paz e da segurança”, afirma a resolução.
Os Estados-membros, muitos deles representados pelos seus chefes de Estado e de Governo, também reiteraram a importância da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e afirmaram que continuam empenhados em alcançar o desenvolvimento sustentável nas suas três dimensões: econômica, social e ambiental, de forma equilibrada e integrada.
“O desenvolvimento sustentável não pode ser realizado sem paz e segurança, e a paz e a segurança estarão em risco sem desenvolvimento sustentável. Reafirmamos nossa promessa de que ninguém será deixado para trás”, afirmou o documento.
Graça Machel, ativista de direitos humanos e viúva de Nelson Mandela, afirmou à ONU News que sua vida e obra é um lembrete sobre as razões que levaram à constituição das próprias Nações Unidas.
“Prevenir conflitos, resolver e acabar com conflitos. E ele [Mandela] representa o exemplo de como isso se pode fazer, mesmo nas condições mais difíceis. Ser capaz de reconhecer a necessidade de negociar, e negociar em boa fé. Aceitar a reconciliação, para que se possa construir uma nação unida. Esse é o significado desse dia para mim”, disse Machel.
Mandela: inspiração para enfrentar os desafios
Dirigindo-se à Cúpula, o secretário-geral da ONU, António Guterres, falou sobre a crescente pressão contra os direitos humanos em todo o mundo e pediu a todos que se inspirem na sabedoria, coragem e firmeza de Nelson Mandela para enfrentar os desafios.
“Essa é a única maneira de construir o mundo justo, pacífico e próspero previsto na Carta das Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, disse Guterres. “Madiba era um cidadão global cujo legado deve continuar nos guiando”, acrescentou.
A Cúpula da Paz coincide com o ano do centenário do nascimento de Mandela.
Estátua de Nelson Mandela
No início do dia, uma estátua de Nelson Mandela foi inaugurada na sede da ONU por Guterres, com a presença de Matamela Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, e María Fernanda Espinosa, presidente da atual sessão da Assembleia Geral.
Presenteada pela África do Sul para a ONU, a estátua em tamanho natural mostra Madiba com os braços estendidos e um sorriso largo e caloroso. No evento, Guterres destacou a humildade de Mandela como um marco de sua grandeza.
“Quando alcançou o ápice do poder como presidente de seu amado país, Madiba deu um exemplo que ainda ressoa pela África e pelo mundo. Ele deixou o cargo depois de um mandato, confiante na durabilidade da recém-descoberta democracia sul-africana.
_______
“Nelson Mandela não perseguiu o poder pelo poder, mas simplesmente como um meio de serviço.” disse o chefe da ONU
_______
Interdependência
Também falando na inauguração, Espinosa relembrou o primeiro discurso histórico de Mandela na ONU, em 1994, no qual ele falou sobre a interdependência de todas as nações. Ela perguntou o que os líderes podem e devem fazer para garantir que democracia, paz e prosperidade prevaleçam em toda a parte.
“É minha esperança que a colocação desta estátua – dentro dos limites físicos do território da ONU – sirva de inspiração e lembrete a todos os Estados-membros”, acrescentou a presidente da Assembleia.
“Um lembrete de que nossas diferenças devem ser comemoradas; que nosso trabalho é total e sem reservas para as pessoas a quem servimos; e que nossos esforços, em qualquer forma que tomem, devem sempre ser guiados pela inspiração e pela promessa que Mandela nos deixou.”
Com informações: ONUBR