Original e inovador: empreendedora transforma fezes de vaca em roupas
Uma startup holandesa encontrou uma nova função para o esterco. A Mestic fundada por Jalila Essaidi, transforma fezes de vaca em roupas.
A empreendedora diz que é possível usar as fibras do esterco para produzir um tecido mais sustentável. “Nós vemos esse material residual como algo repugnante e fedorento. Mas qualquer tecido passa por processos de fabricação que não são nada limpos. Nossa missão é mostrar que o nosso trabalho tem uma beleza oculta”, aponta.
Segundo Jalila, cerca de 80% do esterco é água; os outros 20% são basicamente celulose, vindo do capim e dos vegetais que as vacas ingerem.
Eficiente
No processo dos holandeses, as partes úmidas e secas são separadas. Da fração úmida são extraídos solventes, que “amaciam” a celulose e, junto com outros produtos químicos, transforma o resíduo sólido em tecido.
O método é mais eficiente energeticamente do que o tradicional porque não precisa usar altas pressões para soltar as fibras, já que o estômago das vacas já iniciou esse processo.
As roupas da Mestic tem mau cheiro?
Para tirar essa dúvida, o canal de televisão holandês RTL Nieuws levou algumas peças para as ruas e pediram que transeuntes tentassem identificar qualquer coisa de diferente em seu odor. Após o experimento, elas disseram que não se importariam em usar a roupa da startup.
Prêmios
Com a inovação, a startup vem sendo reconhecida em prêmios internacionais: a empresa foi a segunda colocada do The Venture, uma competição global de empreendedorismo social realizada em este ano.
Coleção Mestic
Mestic
Para “desconstruir” o esterco, Jalila trabalhou em parceria com o BioArtLab para criar um processo químico capaz de capturar a celulose de dentro do esterco e transformá-lo em bioplásticos, biopapéis, e até mesmo biotecidos. Ela nomeou o projeto de Mestic.
O nome Mestic deriva de mest , a palavra holandesa para o esterco. Segundo a designer, esta não é a primeira vez que os cientistas estão procurando maneiras de resolver o problema do esterco, mas é a primeira vez que ele está sendo considerado como um recurso valioso.
Jalila Essaidi declarou: “Na Alemanha, por exemplo, grandes avanços foram feitos na fermentação de esterco em fertilizante; outros tiveram sucesso em transformá-lo em energia. Essas são grandes iniciativas, mas ambas não são muito eficientes. E mesmo em seu desempenho máximo, eles ainda são apenas soluções parciais. Um verdadeiro resultado seria tratar completamente o esterco e usar a celulose resultante para fabricar novos produtos de biomateriais. E uma vez que você fez esse passo, você notará: o esterco daqui para frente vai valer seu peso em ouro”.
“A utilização de toneladas de esterco que são produzidos todos os dias nas fazendas, nos permite diminuir o uso de outros recursos naturais menos abundantes, como árvores e algodão. Essa tecnologia é um verdadeiro ganha-ganha ambiental.”
Jalila explica seu método revolucionário. Confira!
Veja também o vídeo do desfile com os tecidos feitos com estrume de vaca.
Fotos: Divulgação | Mestic | Reprodução
Com informações: Pegn / Stylo Urbano / Hypeness