Pesquisadora desenvolve linguagem especial para que pessoas cegas identifiquem cores
Sandra Marchi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), criou um código de símbolos que facilitam a vida de pessoas com a deficiência na hora de combinarem roupas para se vestirem, por exemplo
A ação promovida por Sandra Marchi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), será capaz de promover mudanças importantes no cotidiano de pessoas cegas do Brasil e do mundo. Depois de muito estudo, a pesquisadora desenvolveu um sistema de identificação das cores especial para pessoas com a deficiência.
Antes disso, a identificação muitas vezes era feita de maneira mais complexa. Alguns cegos, conforme constatou a pesquisadora em sua apuração, se davam o trabalho de escrever em braile mesmo o nome das cores de cada objeto.
Essa era uma estratégia utilizada para combinar tonalidades para se vestir, maquiar e cuidar da casa. Porém Sandra, ao observar a dificuldade de registrar essas palavras – que ficavam muito compridas no braile – decidiu se organizar para reverter essa situação.
E, assim, percebeu que esse trabalho poderia ser facilitado através de uma simbologia específica que pudesse ser sentida ao pegar um objeto de determinada cor em mãos. Dessa maneira, cada símbolo representa uma tonalidade, conforme contado pela desenvolvedora em entrevista à Voz do Povo do Oeste:
“Pegando o ponto do braile, porque é a linguagem universal e juntando à teoria da cor. Assim eu consegui chegar ao resultado da ‘see color’. O que tornou muito fácil e muito lógico aprender”, contou Sandra. A iniciativa é o primeiro passo para uma reflexão sobre uma dia a dia mais inclusivo e justo para pessoas com deficiência.
“A ideia é fazer com que as pessoas pensem nisso hoje, a sensibilidade, a inclusão social. Olha o quanto é difícil um deficiente visual se colocar no mercado de trabalho, isso seria mais uma oportunidade”, declarou a pesquisadora.
Ação dando resultado
Algumas pessoas já puderam constatar a eficiência do método criado por Sandra. O telefonista Manoel Jesus, também para o Portal Voz do Povo do Oeste, é cego desde que nasceu, e contou um pouco sobre a experiência com o novo sistema:
Junto com a esposa Débora de Jesus – também cega – Manoel fala que usava um sistema de bordado em roupas na hora de se adaptar à sua condição. “Às vezes a gente precisava perguntar para alguma pessoa muito próxima, algum parente, vizinho, para não ter dificuldade. Isso era um problema. Com o tempo, criei um sistema de abreviatura em relevo”. Muitas vezes, porém, a ideia era uma furada, “A combinação de cores na hora de lavar, sair por aí, é difícil para quem não vê”.
A simbologia pode ser impressa em adesivos discretos que podem ser colados em quaisquer superfícies. Para Sandra, a importância dessa iniciativa vai além da praticidade: “Só com isso, essa autonomia, melhora a autoestima e traz qualidade de vida a toda essa população com as pessoas com deficiência visual”, declarou.
Com informações: Uol / Voz do Povo do Oeste
Edição: Josy Gomes Murta
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