Pesquisadoras criam bioconcreto usando ervas daninhas
Dupla em Londres desenvolveu concreto ecológico que dá novo valor econômico e ecológico às espécies “invasoras”
A indústria da construção civil emite grandes quantidades de CO2 na atmosfera e o uso do concreto é uma das razões. De olho nessa questão, diversas alternativas têm surgido para substituir o material comum por opções ecológicas.
Uma ideia inovadora surgiu em Londres, na Inglaterra, por uma dupla de estudantes: elas criaram um bioconcreto a partir de cascas de lagostins e de uma espécie invasora comum no Reino Unido.
A espécie em questão é chamada de knotweed asiático/japonês. Trata-se de uma planta nativa do leste asiático. Na América do Norte e na Europa, a espécie se espalhou e é classificada como “praga” e espécie invasora.
Logo, a ideia resolve dois problemas. A criação de um material menos poluente e o aproveitamento de uma planta que causa prejuízos ecológicos e financeiros ao país. “A remoção e o controle de espécies invasivas custam ao Reino Unido cerca de £ 1,8 bilhões anualmente”, afirmou a arquiteta Irene Roca Moracia, em entrevista ao site Dezeen, uma das criadoras do material.
O desenvolvimento do material surgiu no âmbito da pós-graduação da Central Saint Martins, faculdade da Universidade das Artes de Londres. Além de Irene, o projeto é também da designer Brigitte Kock. A dupla espera incentivar a remoção da espécie e ajudar a restaurar a biodiversidade local ao mesmo tempo em que oferece uma solução benéfica e vantajosa.
Já o crustáceo escolhido para a empreitada é o lagostim-sinal, originário da América do Norte. Segundo as pesquisadoras, os lagostins estrangeiros dizimaram a população nativa de lagostins do Reino Unido.
Bio-concreto
Para fabricar o concreto ecológico, a dupla incinerou o knotweed criando um aglutinante de cinzas. Já as cascas de lagostins pulverizadas atuam como agregado, cumprindo o papel das rochas ou areia usadas comumente.
Combinados com água e gelatina, tais ingredientes se transformam em um material forte e homogêneo que endurece sem a necessidade de aquecimento ou corante sintético. A receita é baseada no concreto de cinza vulcânica desenvolvido pelos antigos romanos.
A dupla obteve as duas principais matérias-primas de empresas especializadas em remoção. Outros acabamentos podem ser ainda adicionados, alterando a cor e aparência do produto final. Entretanto, já no processo natural surgem diferentes colorações. É o caso da cor bordô escura que aparece instantaneamente à medida que os ingredientes são misturados e não é o resultado de qualquer corante adicionado.
Com informações: Ciclo Vivo
Edição: Josy Gomes Murta
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