Pesquisadores brasileiros desenvolvem antisséptico bucal que promete reduzir proliferação da Covid
Um grupo de 60 pesquisadores brasileiros descobriu uma fórmula de antisséptico bucal que é capaz de inativar em 96% a proliferação do vírus da Covid-19. A eficácia do produto foi comprovada com testes feitos em seres humanos.
O estudo foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Inovação da Dentalclean e teve o apoio de quatro centros de referência de pesquisa (Universidade de Odontologia de Bauru – USP, Instituto de Ciências Biológicas – USP, Instituto Federal do Paraná e Universidade Estadual de Londrina).
O antisséptico teve aprovação da Anvisa para o uso dos seres humanos em outubro deste ano. Contudo, a pesquisa não se trata de uma cura, mas uma possível prevenção. Com isso, autoridades mantêm a orientação do uso de máscaras e distanciamento social.
De acordo com Fabiano Vieira Vilhena, cirurgião dentista e doutor em Biologia Oral pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), o composto foi desenvolvido a partir da tecnologia Phtalox, um pigmento especialmente desenvolvido que promove a formação de oxigênio reativo a partir do oxigênio molecular, sendo capaz de inativar o vírus da Covid na boca.
Para chegar a este resultado, Fabiano informou que foram feitas seis etapas de estudos, envolvendo 107 seres humanos. Segundo o pesquisador, outros estudos ainda estão previstos, envolvendo 2,1 mil pessoas, para evoluir outros atributos que o antisséptico bucal pode proporcionar.
As pesquisas feitas foram registradas na ReBEC e Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo Paulo Sergio da Silva Santos, professor de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da FOB, os pesquisadores já tinham conhecimento da capacidade do Phtalox de reduzir microrganismos na boca.
Com a pandemia, surgiu a ideia de testar o composto com vírus e houve comprovação clínica da eficácia do produto em 96% das amostras colhidas. O pesquisador Fabiano destacou que o antisséptico não é medicamento ou vacina, mas serve como suporte ao tratamento da Covid.
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“Ele faz com que a carga viral diminua e dê condições para que o organismo e os medicamentos possam de fato melhorar a condição de saúde daquele indivíduo”, explica.
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Resultados
De acordo com os pesquisadores, o produto poderá ser utilizado no dia a dia, fazendo parte dos cuidados com a saúde bucal. Através do bochecho e do gargarejo com o antisséptico, a solução tem a possibilidade de reduzir o vírus que pode ter entrado pelo nariz ou pela boca, informou o professor Paulo.
Além disso, o produto foi testado no tecido de máscaras e também foi comprovada a redução da carga viral em 98,75%.
Os pesquisadores informaram que 14 pessoas com diagnóstico positivo para Covid também foram monitoradas utilizando o antisséptico e elas se recuperaram rapidamente, se tornando assintomáticas em alguns dias.
Depois disso, o produto passou a ser testado em pacientes internados com Covid no Hospital Estadual de Bauru. Um grupo recebeu a substância ativa Phtalox, enquanto outro utilizou o placebo. A partir disso, foram analisadas amostras de saliva para identificar a carga viral nos pacientes.
Segundo Paulo Sérgio, os moradores que receberam a substância ativa negativaram a carga viral e reduziram o tempo de internação pela metade, em relação aos pacientes que receberam o placebo. Já um terço dos pacientes que receberam o placebo tiveram que ir para UTI e três deles morreram com Covid.
Novas pesquisas
Segundo os pesquisadores, outros estudos com o antisséptico bucal ainda vão ser realizados. Em parceria com Secretaria de Saúde do município de Uru, no interior de São Paulo, os pesquisadores vão utilizar o produto na população em geral e monitorá-la por 60 dias.
A ideia, de acordo com Paulo Sérgio, é fazer um trabalho de prevenção e identificar se o antisséptico vai diminuir a incidência da Covid na cidade, que tem cerca de 1,3 mil habitantes.
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