A poética da cor: exposição retrospectiva de Volpi na Europa
A geometria, as cores e o movimento cercam a obra de Alfredo Volpi. O pinto ítalo-brasileiro é tema de uma exposição no Novo Museu Nacional de Mônaco. A mostra leva o título “La Poétique de la Couleur” (A Poética da Cor) e fica em cartaz até 20 de maio.
Mais de 70 obras, de quase todos os períodos de produção do artista, de 1940 aos anos 1970, compõem a exposição com curadoria de Cristiano Raimondi. Nascido em 14 de abril de 1896, Volpi faleceu em 28 de maio de 1988. Completados 30 anos de sua morte em 2018, a mostra celebra a primeira exibição das obras do artista em uma instituição pública fora do Brasil.
A exposição do artista autodidata transita entre as paisagens rurais e urbanas dos anos 1940 e trabalhos das décadas de 1950, 1960 e 1970. Nessa época, nas obras de Volpi predominam composições geométricas coloridas, como as faixadas de edifícios e as bandeirinhas.
Organizada em parceria com a galeria paulistana Almeida e Dale, a mostra tem o apoio do Instituto Volpi. “A iniciativa do Nouveau Musée National de Monaco é educativa, bem como extremamente relevante para a preservação e divulgação da memória e produção do artista”, reforça Pedro Mastrobuono, diretor do Instituto Volpi.
Embora com origens europeias, os trabalhos de Volpi são pouco conhecidos no continente. “Não havia obras de Volpi fora do País. Ele era um fenômeno local. Agora, progressivamente, ele está tendo o destaque internacional que merece”, afirmou o artista plástico e professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo, Marco Giannotti.
Para o curador, alguns artistas europeus inspiraram as obras de Volpi. “Poderia citar outros pintores italianos com os quais Volpi se identificou, tanto pré-renascentistas, como Margheritone d’Arezzo, como os modernos, especialmente Morandi, com o qual tinha afinidade, considerando sua exploração de uma espacialidade anti-ilusionista na tela, que deve algo à pintura metafísica”, disse Cristiano Raimondi.
Aberta no dia 8 de fevereiro, das obras, as que mais têm chamado atenção do público são as bandeirinhas do artista. “A gente acha que as bandeirinhas advêm das festas populares. Não é verdade. A bandeirinha é o negativo de um telhado. Ela surge como uma metamorfose das formas que ele vai jogando no interior da pintura. O incrível é que, justamente ao fazer isso, ele consegue incorporar também todo um imaginário brasileiro. Por isso ele se torna tão importante para a nossa cultura”, contou Marco Giannotti.
Alfredo Volpi – La poétique de la couleur (A poética da cor)
Com informações: NMNM / Estadão / Jornal da USP / Instituto Volpi