Sandra Belê – Guardiã de um repertório que reacende o cancioneiro popular nordestino
O canto de um Nordeste profundo passeia por suas cordas vocais. Em uma voz, os elementos do reisado brincam, os cordões azul e encarnado do pastoril se unem e os vaqueiros entoam seu aboio. “Acredito muito na força da nossa identidade, das nossas tradições, por isso me agarro a elas com unhas e dentes”, contou a cantora Sandra Belê.
O nome da artista paraibana não sugere apenas a beleza da sua arte, mas a origem de um talento de muitas raízes. Elisandra Romeria da Silva nasceu em Zabelê, cidade da região do Cariri. Das cores, sons e histórias, o interior fez uma filha cantora, musicista, atriz, apresentadora e ativista da cultura de seu povo.
Guardiã de um repertório que reacende o cancioneiro popular nordestino, Sandra Belê já lançou discos como “Nordeste Valente”, “Se incomode não”, “Encarnado Azul” e o EP “Prisma”.
O Conexão Boas Notícias conversou com a cantora sobre música, cultura popular e forró.
Iniciou sua carreira musical aos 18 anos. Como foi a descoberta desse cantar?
Em um trabalho de escola. Fazíamos paródias e precisávamos de alguém que pudesse cantar, eu comecei cantarolando e meus amigos acharam que eu seria a pessoa certa para cantar. Depois disso fui sendo apresentada a ideia de ser cantora.
Como adotou o nome artístico de Sandra Belê?
Quando estava gravando meu primeiro disco a equipe achava que Sandra Silva (o nome que eu usava até então) não era atrativo, não ficava na memória das pessoas. Então, em conversa com pessoas envolvidas com meu trabalho na época, surgiu o Belê, para assim também homenagear minha cidade de origem.
Além do nome, o que carrega na sua arte da sua cidade natal Zabelê?
A história de força e ousadia, o sotaque, meu jeito de andar e ver o mundo, a experiência de viver junto com pessoas e grupos de tradição oral, como Reisado, Aboiadores, Rezadeiras…Trago tudo isso de Zabelê. Devo tudo isso ao lugar que me criou.
Músicas de pastoril em “Encarnado Azul”, projeto “Cantando para o Eterno” com as “Incelenças”. Aonde busca essas raízes da cultura nordestina?
Além da emoção que sinto quando estou diante dessas raízes, meu contato com pessoas e grupos da tradição oral e também com pesquisadores, estudiosos desses grupos me possibilitou um desejo grande de trabalhar com tais manifestações.
A sua música é fortemente ligada a cultura regional, mas também é revisitada por outros elementos com uma passagem pela música eletrônica em “Prisma” e até mesmo pelos instrumentos elétricos. Como é reunir essas influências para fazer um trabalho com identidade e ao mesmo tempo de resgate?
Acredito muito na força da nossa identidade, das nossas tradições, por isso me agarro a elas com unhas e dentes. A hibridização presente nesses trabalhos vem do desejo de trabalhar com a música popular da minha região e dar o toque Sandra Belê de ver a arte. Assim aproveito e possibilito às pessoas um conhecimento a mais do nosso povo, das nossas ações coletivas, da nossa cultura.
Recentemente lançou o clipe “Hoje Tem” com um ritmo típico do Nordeste, em época de festejos juninos. O forró precisa ser defendido ou ele já tem um espaço consagrado na cultura?
Não deveria, mas o Forró precisa ser defendido, sim. Quaisquer manifestações dos povos que os fortalecem e lhes dão dignidade que estejam passando pela situação de desaparecimento, de sufocamento, de esquecimento, precisam de apoio e atenções. Não se pode deixar a cultura de massa, da euforia passageira, colocar no ostracismo os costumes tradicionais de todo um povo, dizimando toda uma identidade.
Além das músicas, você também traz a raiz nordestina nos seus figurinos. Como essa imagem é pensada?
Pensamos de forma coletiva. Eu digo o que gosto e quem está comigo, no trabalho diário, fala o que pode ser feito a partir daí. Tenho tido parcerias maravilhosas. Geralmente montamos nossos figurinos com mais afinco para os festejos juninos, então nos inspiramos em suas cores, materiais cenográficos, ritmos, alegria. Esse ano trabalhamos com a renda renascença, que é desenvolvida na sua maioria na minha região, Cariri paraibano. As rendas utilizadas nas roupas foram feitas pelas mãos habilidosas da minha mãezinha, Ivete Neves.
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Por Marcella Machado, da redação do Conexão Boas Notícias