Teatro da Solidão Solidária: método teatral promove inclusão social pela arte
Sentado no chão, o homem de olhar desolado estende a mão por uma esmola. Na lixeira, cata papelão para reciclagem. Com fome, pede comida aos passantes ou nos estabelecimentos comerciais. A rua da realidade, para Ivan Antônio, algumas vezes no ano é encenação. O mendigo é o personagem que interpreta como parte do projeto Teatro da Solidão Solidária.
Colocar-se na posição do outro é um método teatral criado pelo ator e diretor em 1998, em São Paulo. Naquele momento, os moradores de rua eram a sua experimentação. Além do convívio com pessoas em situação de marginalidade, Ivan Antônio também oferecia oficinas.
“É uma pesquisa sobre solidão humana. Esse método consiste em que eu passe de cinco a dez dias por ano, nas ruas. Vou para debaixo de pontes, marquises, sem que os outros moradores saibam que eu sou um artista, um pesquisador”, explica.
Ivanildo Antônio da Silva é natural da cidade pernambucana de Arco Verde. Nos anos de 1990 passou a morar na capital paulista e para se dedicar ao seu método, deixou o emprego de gerente em uma importante rede de livrarias de São Paulo.
Quando o laboratório nas ruas termina, o ator se identifica e convida os moradores a conhecer os espaços onde ministra aulas de teatro. Em organizações, escolas, empresas, universidades, a estratégia envolve ainda advogados, empresários, jornalistas, psicólogos, estudantes, professores, policiais, entre outros. Em certas ocasiões, o universo da classe excluída e o da elite se encontram.
“O bacana é que, a partir desse encontro, você tem a hora do abraço, dos cumprimentos. E quando um empresário sabe que vai abraçar um mendigo, pode pensar ‘ah, então sou muito generoso’”, observa.
Ao longo desses quase vinte anos, produziu espetáculos como “Um Sanatório para Freud”, “Mil Operários em Construção”, “A Caminho da Ternura”, onde os diversos segmentos sociais dividem a cena. Ivan Antônio também já preparou pessoas comuns para atuar no filme Carandiru, de Hector Babenco.
No palco e nas oficinas, os anseios, angústias, sonhos, sentimentos, fragilidade e a busca pela felicidade tornam os personagens da ficção e da realidade em iguais. “O teatro tem uma força gigante nesse sentido. Só com o teatro em si a gente trabalha intolerância, ira, angústia, perdão. E procura se perdoar, o que é mais difícil. Então, trabalhamos isso, sem deixar de ser um método artístico, teatral”, ressalta Ivan Antônio.
O projeto Teatro da Solidão Solidária já passou por cidades como Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e ainda teve seu método aplicado em oficinas em países como Argentina, Uruguai, Portugal, França, Dinamarca, Inglaterra, Espanha e Itália.
“Às vezes, acordo no meio da noite e me vem um poema pronto, uma canção, um roteiro de um filme ou um exercício de teatro para uma aula do dia seguinte e aí me dou conta que sou um artista, um instrumento da arte e que tenho um caminho a seguir, e nesse caminho eu caio, levanto e tenho consciência que não posso parar porque ainda há muito o que fazer, plantar e colher”, reflete Ivan Antônio.
Contato
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Site: https://goo.gl/2W6LKY
E-mail: teatrodasolidaosolidaria@yahoo.com.br
Com informações: Ivan Antônio / Diário do Nordeste / Connepi
Edição: Josy Gomes Murta
Fantástico! Parabéns Ivan Antonio por tão belo trabalho< recheado com muita sensibilidade e talento!
Tive a honra de participar do projeto dirigido pelo Ivan Antônio no teatro Padre Bento em Guarulhos, lá tinhamos o ator e diretor Ray Azevedo que conduzia o projeto brilhantemente. Também quando tive a oportunidade de ter uma pequena participação no filme Carandiru encontrei o Ivan Antônio também participando de cena co o ator que interpretava o dr, Drausio Varella.
tenho muita saudades deste projeto, do ator e diretor Ivan Antônio e diretor e ator Ray Azevedo de GRU.
#cmte Carlos Alberto Pinheiro